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SAÚDE/ GINECOLOGIA
Unifesp testa nova técnica para corrigir bexiga baixa
Instituição faz mutirão de cirurgia com tela de sustentação feita de biomaterial
O índice de reincidência do método tradicional varia de 25% a 30% das pacientes, o que estimula a pesquisa de alternativas
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) está realizando mutirões de cirurgias em
mulheres com problemas de
bexiga baixa para determinar o
perfil de quem se beneficia do
método recente de correção do
problema por meio de telas feitas de biomaterial.
A técnica, usada no Brasil há
cerca de três anos, suspende a
bexiga e o útero de mulheres
que, por causa dos seguidos
partos ou de problemas hormonais que aparecem com a idade,
ficam com tecidos mais frouxos
e sofrem um rebaixamento
desses órgãos e também da parede vaginal.
Popularmente conhecido como "bexiga caída" ou "bexiga
baixa", o problema é denominado prolapso genital. A correção é feita tradicionalmente
por meio de cirurgias com pontos e suturas.
Entretanto, o índice de reincidência com esse tipo de operação varia de 25% a 30%, o que
estimula pesquisas sobre técnicas alternativas, como o uso de
telas, segundo Manoel João Batista Girão, professor de ginecologia da Unifesp e coordenador dos mutirões.
"As técnicas com uso de telas
são novas e não há consenso se
são melhores do que a cirurgia
tradicional. Precisamos definir
quais pacientes precisam da tela e se beneficiam dela."
O biomaterial é feito com
parte do intestino de porco e é
usado também em outras cirurgias -com a função de substituir tecidos danificados. Com
o tempo, o biomaterial induz a
reconstrução natural dos tecidos, sendo depois absorvido pelo organismo.
Nas pesquisas realizadas pela
Unifesp, cerca de 40 mulheres
já foram operadas com o biomaterial. "O estudo com a tela
biológica tem resultados parciais bons. As pacientes ganham porque têm acesso a uma
técnica nova minimamente invasiva", diz Girão.
A expectativa é que, com a
ajuda dos mutirões, entre 100 e
150 pessoas sejam operadas até
o final do ano. As participantes
são pacientes do Hospital São
Paulo que aguardavam a realização de cirurgia. Além das telas biológicas, também estão
sendo usadas as sintéticas, feitas de derivados de petróleo.
O objetivo do projeto da universidade é criar um "protocolo
brasileiro" para orientar a realização desse tipo de cirurgia.
As telas, segundo Girão,
"também apresentam complicações em 20% dos casos, como
expulsões e infecções". As sintéticas, apesar da maior resistência e de não perderem a tensão com o tempo, têm maior
chance de extrusão [expulsão]
porque não são absorvidas."
O coordenador diz acreditar
que esse tipo de cirurgia seria
mais indicado para as mulheres
que reincidem no problema
após a cirurgia convencional ou
para as que já demonstram alto
risco disso antes de operar.
Padronização
De acordo com Nilson Roberto de Melo, presidente da
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, "é importante que seja
feita essa padronização para
determinar o procedimento
ideal em cada caso".
Ele afirma que a técnica tende a se disseminar no Brasil. O
procedimento é atualmente
feito por médicos particulares e
não é oferecido pelo SUS.
Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI, da Reportagem Local
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