São Paulo, domingo, 14 de outubro de 2007

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SAÚDE/ GINECOLOGIA

Unifesp testa nova técnica para corrigir bexiga baixa

Instituição faz mutirão de cirurgia com tela de sustentação feita de biomaterial

O índice de reincidência do método tradicional varia de 25% a 30% das pacientes, o que estimula a pesquisa de alternativas

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) está realizando mutirões de cirurgias em mulheres com problemas de bexiga baixa para determinar o perfil de quem se beneficia do método recente de correção do problema por meio de telas feitas de biomaterial.
A técnica, usada no Brasil há cerca de três anos, suspende a bexiga e o útero de mulheres que, por causa dos seguidos partos ou de problemas hormonais que aparecem com a idade, ficam com tecidos mais frouxos e sofrem um rebaixamento desses órgãos e também da parede vaginal.
Popularmente conhecido como "bexiga caída" ou "bexiga baixa", o problema é denominado prolapso genital. A correção é feita tradicionalmente por meio de cirurgias com pontos e suturas.
Entretanto, o índice de reincidência com esse tipo de operação varia de 25% a 30%, o que estimula pesquisas sobre técnicas alternativas, como o uso de telas, segundo Manoel João Batista Girão, professor de ginecologia da Unifesp e coordenador dos mutirões.
"As técnicas com uso de telas são novas e não há consenso se são melhores do que a cirurgia tradicional. Precisamos definir quais pacientes precisam da tela e se beneficiam dela."
O biomaterial é feito com parte do intestino de porco e é usado também em outras cirurgias -com a função de substituir tecidos danificados. Com o tempo, o biomaterial induz a reconstrução natural dos tecidos, sendo depois absorvido pelo organismo.
Nas pesquisas realizadas pela Unifesp, cerca de 40 mulheres já foram operadas com o biomaterial. "O estudo com a tela biológica tem resultados parciais bons. As pacientes ganham porque têm acesso a uma técnica nova minimamente invasiva", diz Girão.
A expectativa é que, com a ajuda dos mutirões, entre 100 e 150 pessoas sejam operadas até o final do ano. As participantes são pacientes do Hospital São Paulo que aguardavam a realização de cirurgia. Além das telas biológicas, também estão sendo usadas as sintéticas, feitas de derivados de petróleo.
O objetivo do projeto da universidade é criar um "protocolo brasileiro" para orientar a realização desse tipo de cirurgia.
As telas, segundo Girão, "também apresentam complicações em 20% dos casos, como expulsões e infecções". As sintéticas, apesar da maior resistência e de não perderem a tensão com o tempo, têm maior chance de extrusão [expulsão] porque não são absorvidas."
O coordenador diz acreditar que esse tipo de cirurgia seria mais indicado para as mulheres que reincidem no problema após a cirurgia convencional ou para as que já demonstram alto risco disso antes de operar.

Padronização
De acordo com Nilson Roberto de Melo, presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, "é importante que seja feita essa padronização para determinar o procedimento ideal em cada caso".
Ele afirma que a técnica tende a se disseminar no Brasil. O procedimento é atualmente feito por médicos particulares e não é oferecido pelo SUS.


Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI, da Reportagem Local

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