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Hollywood cria estereótipo de moradias em dramas, suspenses e comédias
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
O cinema é um poderoso difusor de conceitos que muitas
vezes se transformam, com a
repetição, em estereótipos. A
representação da mulher nos
filmes industriais norte-americanos, por exemplo, levou as feministas dos anos 60 às barricadas contra Hollywood, por
acreditar que a condição feminina correspondia a uma diversidade maior do que sugeriam
os poucos modelos de comportamento identificados na maioria das tramas, como os da esposa submissa, da ingênua sedutora e da "vamp" destruidora
de lares e reputações.
Simplificação parecida atinge a representação das fraternidades norte-americanas no cinema. No domínio da comédia,
sediam zorras intermináveis,
comandadas por alunos em geral medíocres que se especializam em promover sessões de
bebedeira, música atordoante e
sexo fácil, com um toque de escatologia. É o universo de "Clube dos Cafajestes" (1978), de
John Landis, ambientado em
uma fraternidade Delta que rivaliza com os colegas esnobes
da vizinha Ômega, no início dos
anos 60, com John Belushi
(1949-1982) e seus comparsas
incendiando o campus.
No domínio do drama e do
suspense, menos numeroso,
prevalece a idéia dos segredos e
das conspirações. Uma variação recente dessa idéia é "O
Bom Pastor" (2006), de Robert
De Niro, em que o personagem
de Matt Damon é apresentado,
na universidade, às liturgias de
um grupo de alunos e professores que estará ligado à formação da comunidade de informações do governo dos EUA e à
criação da CIA, o serviço secreto norte-americano, como uma
"fraternidade" do Estado.
No drama "Só para Homens"
(1952), dirigido e estrelado por
Paul Henreid, o cenário é emprestado para um caso tenso:
um professor desconfia que a
morte de um aluno foi provocada por um ritual de iniciação.
Começava ali a mitologia dos
clubes de cafajestes.
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