CLAUDIA ANTUNES
EDITORA DE MUNDO

É quase impossível passar por uma universidade norte-americana sem freqüentar um curso de "liderança". As aulas, em geral lotadas, têm dinâmica de análise de grupo. O estudante, convidado (ou intimado) a se expor, fica diante de um confronto que todo mundo teme: o da imagem que tem de si mesmo versus a maneira pela qual os outros o vêem.
Esses cursos são uma versão sofisticada daqueles manuais de auto-ajuda que ensinam o profissional a se destacar na empresa. Sua importância ajuda a explicar o sucesso das fraternidades nas universidades dos Estados Unidos.
Lá, aprender a ser líder não é só para estudantes de MBA. Desde a seleção para o ensino superior, o desempenho na vida social conta pontos.
As "high schools" têm clubes de atividades extraclasse -de música, xadrez, matemática. Participar de um deles ganha menção no currículo quando o aluno disputa uma vaga na faculdade. Ser popular, como vemos em filmes norte-americanos tipo sessão pipoca, é fundamental. E pertencer a uma fraternidade -da qual muitas vezes o pai ou o avô já fizeram parte- é também uma forma de o estudante se diferenciar da grande massa de jovens que têm acesso à educação superior naquele país.

Versão brasileira
No Brasil, esse processo de formação de líderes é muito menos institucionalizado, até porque aqui o trânsito entre posições de destaque nas universidades e cargos nos governos e nas grandes empresas é mais incipiente e mais recente.
Existem nas universidades brasileiras grupos formados por afinidade ideológica, de linha acadêmica ou de interesses -como vemos na rivalidade entre os economistas da PUC do Rio e os da Unicamp.
Mas fazer parte de um desses grupos depende mais da iniciativa pessoal do que de uma cultura educacional que oferece nichos para a organização da vida social e caminhos para quem tem a ambição ou a vocação de liderar.


Texto Anterior: Hollywood cria estereótipo de moradias em dramas, suspenses e comédias
Próximo Texto: Arrastão em condomínio perto de DP dura 5 horas
Índice