São Paulo, quarta-feira, 14 de novembro de 2001

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EDUCAÇÃO

Pela primeira vez, o Saresp, que será feito no próximo dia 29, poderá provocar a repetência de estudantes de 4ª e 8ª séries

Exame reprovará alunos em fim de ciclo

DA REPORTAGEM LOCAL

Os 929 mil alunos de 4ª e 8ª séries da rede estadual paulista de ensino serão os próximos a passar pelo Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), no próximo dia 29. Eles encontrarão uma novidade: pela primeira vez, o exame, aplicado anualmente, terá poder de reprovação.
Quem não passar precisará repetir não só a série, mas o ciclo inteiro (da 1ª à 4ª ou da 5ª à 8ª séries) em um período de um ano. É a chamada "recuperação de ciclo".
Aplicada pela Vunesp, que elabora o vestibular da Universidade Estadual Paulista, a prova é composta de redação e 30 questões de múltipla escolha de português, mas o aluno reprovado fica retido também nas demais disciplinas.
A escola, então, ficará incumbida de elaborar um "prontuário" dos conteúdos em que o estudante demonstrou dificuldades nos quatro anos de ciclo, que serão revistos na recuperação, dada em salas menores e separadas das séries regulares. Se a escola tiver poucos alunos nessa situação, que não justifiquem a formação de uma sala especial, eles serão colocados em séries regulares, mas terão acompanhamento especial.
Segundo a secretária estadual da Educação, Rose Neubauer, a opção pela língua portuguesa ocorreu devido à "grande correlação entre bom desempenho nessa matéria e o aprendizado de outras disciplinas". Para ela, o domínio da língua é essencial para outros conhecimentos. Em 2000, a nota média em português foi de 44, contra 55,1 em matemática, numa escala de zero a cem.
Os alunos farão as provas nas escolas onde estudam. Segundo a secretaria, haverá possibilidade de recurso, se a escola considerar que o aluno, apesar de não haver se saído bem em português, tem capacidade nos outros conteúdos. Os resultados serão anunciados entre 15 e 20 de dezembro.
"É mais um erro que a secretária vai cometer", disse Maria Izabel Noronha, presidente da Apeoesp (sindicato dos professores da rede estadual). "Essa notícia me surpreende. O Saresp costumava ser uma avaliação censitária", disse o professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo Luis Carlos de Menezes, da equipe que elaborou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano. Ele ajudou a elaborar a parte de ciências dos últimos exames do Saresp (leia texto ao lado).

O exame
Implantado em 1996, o Saresp é uma espécie de provão do ensino fundamental paulista. No exame, as séries são avaliadas alternadamente. A avaliação das séries intermediárias (no meio do ciclo), para acompanhamento, vai continuar sendo feita. Desde a edição de 2000, o Saresp passou também a contar com a avaliação da capacidade de manter o aluno na escola. A taxa de evasão tornou-se requisito para premiar as escolas.
O sistema de progressão continuada, que instituiu os ciclos 1 (1ª a 4ª séries) e 2 (5ª a 8ª séries), foi adotado pela rede em 98 e será avaliado pela primeira vez. Pelo sistema, os alunos são reprovados apenas por faltas nas séries intermediárias e por conteúdo no final dos ciclos -que, agora, contam também com o exame do Saresp.
Durante as séries intermediárias, as crianças, apesar de não serem reprovadas por conteúdo, recebem reforço extra nas disciplinas em que demonstram dificuldades. Mas indicadores mostram que a repetência cresceu em 2000 (4,3%) com relação a 98 (2%), quando foi implantada a progressão. A evasão ficou estável.




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