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EDUCAÇÃO
Pela primeira vez, o Saresp, que será feito no próximo dia 29, poderá provocar a repetência de estudantes de 4ª e 8ª séries
Exame reprovará alunos em fim de ciclo
DA REPORTAGEM LOCAL
Os 929 mil alunos de 4ª e 8ª séries da rede estadual paulista de
ensino serão os próximos a passar
pelo Sistema de Avaliação do
Rendimento Escolar do Estado de
São Paulo (Saresp), no próximo
dia 29. Eles encontrarão uma novidade: pela primeira vez, o exame, aplicado anualmente, terá
poder de reprovação.
Quem não passar precisará repetir não só a série, mas o ciclo inteiro (da 1ª à 4ª ou da 5ª à 8ª séries)
em um período de um ano. É a
chamada "recuperação de ciclo".
Aplicada pela Vunesp, que elabora o vestibular da Universidade
Estadual Paulista, a prova é composta de redação e 30 questões de
múltipla escolha de português,
mas o aluno reprovado fica retido
também nas demais disciplinas.
A escola, então, ficará incumbida de elaborar um "prontuário"
dos conteúdos em que o estudante demonstrou dificuldades nos
quatro anos de ciclo, que serão revistos na recuperação, dada em
salas menores e separadas das séries regulares. Se a escola tiver
poucos alunos nessa situação, que
não justifiquem a formação de
uma sala especial, eles serão colocados em séries regulares, mas terão acompanhamento especial.
Segundo a secretária estadual
da Educação, Rose Neubauer, a
opção pela língua portuguesa
ocorreu devido à "grande correlação entre bom desempenho nessa
matéria e o aprendizado de outras
disciplinas". Para ela, o domínio
da língua é essencial para outros
conhecimentos. Em 2000, a nota
média em português foi de 44,
contra 55,1 em matemática, numa
escala de zero a cem.
Os alunos farão as provas nas
escolas onde estudam. Segundo a
secretaria, haverá possibilidade
de recurso, se a escola considerar
que o aluno, apesar de não haver
se saído bem em português, tem
capacidade nos outros conteúdos.
Os resultados serão anunciados
entre 15 e 20 de dezembro.
"É mais um erro que a secretária
vai cometer", disse Maria Izabel
Noronha, presidente da Apeoesp
(sindicato dos professores da rede
estadual). "Essa notícia me surpreende. O Saresp costumava ser
uma avaliação censitária", disse o
professor do Instituto de Física da
Universidade de São Paulo Luis
Carlos de Menezes, da equipe que
elaborou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano.
Ele ajudou a elaborar a parte de
ciências dos últimos exames do
Saresp (leia texto ao lado).
O exame
Implantado em 1996, o Saresp é
uma espécie de provão do ensino
fundamental paulista. No exame,
as séries são avaliadas alternadamente. A avaliação das séries intermediárias (no meio do ciclo),
para acompanhamento, vai continuar sendo feita. Desde a edição
de 2000, o Saresp passou também
a contar com a avaliação da capacidade de manter o aluno na escola. A taxa de evasão tornou-se requisito para premiar as escolas.
O sistema de progressão continuada, que instituiu os ciclos 1 (1ª
a 4ª séries) e 2 (5ª a 8ª séries), foi
adotado pela rede em 98 e será
avaliado pela primeira vez. Pelo
sistema, os alunos são reprovados
apenas por faltas nas séries intermediárias e por conteúdo no final
dos ciclos -que, agora, contam
também com o exame do Saresp.
Durante as séries intermediárias, as crianças, apesar de não serem reprovadas por conteúdo, recebem reforço extra nas disciplinas em que demonstram dificuldades. Mas indicadores mostram
que a repetência cresceu em 2000
(4,3%) com relação a 98 (2%),
quando foi implantada a progressão. A evasão ficou estável.
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