São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 2006

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Controle do Incor pode mudar, diz secretário

O governador Cláudio Lembo contrariou expectativas e informou que o Estado não pretende encaminhar recursos extras

O governo federal informou ontem estar disposto a avaliar um convênio para garantir a liberação de R$ 20 milhões à fundação

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Luiz Roberto Barradas, disse ontem que caso a Fundação Zerbini não consiga resolver seus problemas financeiros, outra fundação a substituirá na administração do Incor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas de São Paulo, hospital público de cardiologia referência na América Latina ligado ao governo estadual.
Barradas disse acreditar que o governo federal conseguirá resolver os problemas imediatos do Incor. A reportagem questionou se o Incor funcionaria normalmente sem o apoio da fundação? "Eu acredito que sim, que uma outra fundação iria substituir a Fundação Zerbini e fazer o apoio ao Incor", afirmou.
Segundo o secretário, além da Fundação Zerbini duas outras fundações privadas apóiam hoje hospitais estaduais: a Fundação Faculdade de Medicina, ligada ao Hospital das Clínicas, e a Fundação Adib Jatene, que apóia o Instituto Dante Pazanezze. "Desses três hospitais, a única fundação que está em dificuldades é a Fundação Zerbini.", disse.
Já o governador Cláudio Lembo (PFL) informou que o Estado não pretende encaminhar recursos extras ao Incor, contrariando expectativa da fundação, do hospital e do governo federal.
"É tanto dinheiro, são cerca de R$ 300 milhões, que eu não vejo muita possibilidade de o Estado injetar", disse Lembo.
A Fundação Zerbini tem dívidas de R$ 245 milhões e caminha para a insolvência, segundo o Incor. Hoje ela complementa os salários de funcionários e dá agilidade ao hospital por não ter de fazer licitações nem concursos públicos. A saída da fundação implicaria a retirada de equipamentos e demissões de funcionários.
Hoje o ministro da Fazenda, Guido Mantega, se reunirá com Lembo em São Paulo para discutir o problema. Ontem o governo federal informou estar disposto a avaliar um convênio para garantir a liberação de R$ 20 milhões à Fundação Zerbini, pedido feito pelo ex-ministro da Saúde Adib Jatene, membro do conselho do Incor. Também o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) informou estar disposto a fazer um novo empréstimo à fundação.

Ministro
O ministro da Saúde, Agenor Álvares, disse ontem, em Belo Horizonte, que a solução para o Incor depende muito mais do BNDES do que de sua pasta.
"A solução definitiva está muito mais nas mãos dos bancos, do BNDES, do que na mão do Ministério da Saúde", afirmou Álvares. "Um orçamento do ministério já no dia 15 de novembro, as margens de manobra não são tão facilitadas."
Uma possibilidade a ser estudada, segundo o ministro da Saúde, é verificar se há recursos para emendas parlamentares. "É a única alternativa."


Colaboraram FABIANE LEITE, da Reportagem Local, PEDRO SOARES, da Sucursal do Rio, e PAULO PEIXOTO, da Agência Folha


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