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Crescem mortes envolvendo PMs de folga
Estatísticas em SP revelam aumento tanto de civis mortos por PMs fora do trabalho quanto de policiais mortos nessa situação
"O policial hoje, até por uma política de pronta resposta policial, mesmo no horário de folga, está reagindo mais", diz o comandante-geral da PM
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os homicídios envolvendo
policiais militares no horário
de folga cresceram neste ano
no Estado de São Paulo -tanto
quando o policial mata como
quando ele próprio é a vítima.
Levantamento realizado pela
Folha com base nos dados da
Corregedoria da Polícia Militar
apontam que, na comparação
do período de janeiro a agosto
deste ano com os mesmos meses de 2008, houve acréscimo
de 56% no total de civis mortos
por PMs no horário de folga
-subiu de 64 vítimas para cem.
Os números também demonstram que a violência atinge cada vez mais os PMs quando eles estão à paisana, fora do
trabalho. De janeiro a agosto de
2008, 37 PMs foram mortos;
no mesmo período deste ano,
foram 47 -aumento de 27%.
Na PM, os homicídios são alvo de apurações de Inquérito
Policial Militar e também são
estudados numa comissão de
prevenção à letalidade.
As conclusões da comissão
mostram que, em cerca de 50%
dos casos em que PMs de folga
mataram, eles seriam vítimas
de tentativa de roubo. Em outros 35%, os PMs mataram ao
tentar ajudar alguém assaltado;
e 14% são casos como brigas ou
com motivações passionais.
De acordo com o comandante-geral da PM, coronel Álvaro
Batista Camilo, a letalidade envolvendo policiais no horário
de folga é, de fato, uma preocupação de sua gestão à frente da
tropa de cerca de 96 mil PMs.
Segundo Camilo, cada vez
mais a PM investe na formação
do policial para evitar que ele
mate ou morra, seja no trabalho ou na folga. "O evento morte não é interessante para a polícia. A polícia tem que deter o
infrator, fazer a prisão e colocá-lo atrás das grades", afirma.
"O policial hoje, até por uma
política de pronta resposta policial, mesmo no horário de folga, está reagindo mais", diz o
coronel Camilo. "Quando o PM
está fardado, o próprio marginal já foge da ação. O policial à
paisana está mais próximo da
ação e não é percebido pelo
marginal", afirma.
"Isso tem acontecido no horário de folga. Ele [PM] está infelizmente, muitas vezes, em
um serviço extracorporação [o
chamado "bico", proibido pelas
regras da PM] e vai ser assaltado ou vê um assalto e tem atuado como policial", diz Camilo.
Procurado, o secretário da
Segurança Pública, Antonio
Ferreira Pinto, não se manifestou sobre o assunto.
Um caso emblemático sobre
violência envolvendo PMs no
horário de folga ocorreu na
noite de 26 de outubro passado. O soldado Olavo Viana de
Souza, 30, do 37º Batalhão da
PM, matou a tiros o também
soldado Thiago Alves de Souza
Batista, 22, do 16º Batalhão.
Os dois PMs estavam à paisana. Souza viu Batista apontar a
arma para três homens num
ponto de ônibus, pensou que
fosse um ladrão e tentou prendê-lo. Os dois discutiram, houve troca de tiros e Batista acabou baleado. Souza foi preso.
Em serviço
O total de civis mortos por
PMs em serviço também subiu.
A comparação de janeiro a
agosto de 2008 com o mesmo
período deste ano mostra aumento de 31% -261 vítimas em
2008 contra 342 neste ano.
Já o total de PMs mortos no
trabalho caiu 21% -19 no ano
passado e 15 neste.
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