São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 2002

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JUSTIÇA

Ele é acusado de matar 5 pacientes

Cirurgião plástico tem registro médico cassado

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O médico Marcelo Caron teve a cassação de seu registro decidida ontem pelo Conselho Federal de Medicina por unanimidade. Os 24 conselheiros presentes à reunião, de um total de 27, votaram a favor da medida.
Ele é acusado da morte de duas pacientes em Brasília e outras três em Goiás por erros em procedimentos durante cirurgias plásticas. Não há mais instância para recurso. Caso queira reaver o registro, Caron terá de ir à Justiça.
A Folha procurou na tarde de ontem o advogado de Caron, Adolfo da Costa, mas ele não foi localizado.
O registro já havia sido cassado pelo Conselho Regional de Medicina de Goiânia, em junho deste ano, também por unanimidade. O CRM goiano já recebeu 48 denúncias sobre erros médicos cometidos por Caron. Com a cassação, os demais processos são arquivados.
O médico foi informado da decisão ontem. Na segunda-feira, o CFM publica o acórdão (decisão dos conselheiros) no "Diário Oficial" da União.
O caso que motivou a cassação foi a operação de Janete Virgínia Novaes de Figueiredo, morta nove dias após ter sido operada por Caron. Para o CFM, houve erro na indicação e na condução da cirurgia. Ela era obesa demais e não deveria fazer lipoescultura porque tinha flacidez no abdômen.
Na cirurgia, Caron introduziu uma agulha na barriga de Novaes para "sugar" a gordura. Nesse tipo de operação, parte da gordura é injetada em outras partes do corpo para modelar esteticamente o paciente. Porém, Caron não percebeu que a agulha perfurou também parte do intestino.
A gordura ficou contaminada com parte das fezes de Novaes, o que disseminou bactérias por seu corpo quando o material foi injetado. Os cortes no trato intestinal foram reparados dias depois por outra cirurgia. A tese da defesa do médico cassado diz que o motivo da morte foi a segunda intervenção cirúrgica feita para reparar os erros cometidos por Caron.

Hospital
Ao ser impedido de clinicar em Goiânia, por ter rompido um acordo com o Ministério Público de Goiás, Caron mudou-se para Brasília e começou a operar em um hospital do Distrito Federal. O procedimento é irregular, porque ele deveria levar sua carteira do CRM de Goiás ao CRM de Brasília e, após 90 dias na cidade, pedir um registro secundário.
Essa norma serve para que os hospitais saibam quem está habilitado a trabalhar como médico. Segundo o presidente do CFM, Edson de Oliveira Andrade, a diretoria do hospital de Taguatinga (DF), onde Caron operava, está sob investigação para apurar eventuais responsabilidades.


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