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JUSTIÇA
Ele é acusado de matar 5 pacientes
Cirurgião plástico tem registro médico cassado
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O médico Marcelo Caron teve a
cassação de seu registro decidida
ontem pelo Conselho Federal de
Medicina por unanimidade. Os
24 conselheiros presentes à reunião, de um total de 27, votaram a
favor da medida.
Ele é acusado da morte de duas
pacientes em Brasília e outras três
em Goiás por erros em procedimentos durante cirurgias plásticas. Não há mais instância para
recurso. Caso queira reaver o registro, Caron terá de ir à Justiça.
A Folha procurou na tarde de
ontem o advogado de Caron,
Adolfo da Costa, mas ele não foi
localizado.
O registro já havia sido cassado
pelo Conselho Regional de Medicina de Goiânia, em junho deste
ano, também por unanimidade.
O CRM goiano já recebeu 48 denúncias sobre erros médicos cometidos por Caron. Com a cassação, os demais processos são arquivados.
O médico foi informado da decisão ontem. Na segunda-feira, o
CFM publica o acórdão (decisão
dos conselheiros) no "Diário Oficial" da União.
O caso que motivou a cassação
foi a operação de Janete Virgínia
Novaes de Figueiredo, morta nove dias após ter sido operada por
Caron. Para o CFM, houve erro na
indicação e na condução da cirurgia. Ela era obesa demais e não deveria fazer lipoescultura porque
tinha flacidez no abdômen.
Na cirurgia, Caron introduziu
uma agulha na barriga de Novaes
para "sugar" a gordura. Nesse tipo de operação, parte da gordura
é injetada em outras partes do
corpo para modelar esteticamente o paciente. Porém, Caron não
percebeu que a agulha perfurou
também parte do intestino.
A gordura ficou contaminada
com parte das fezes de Novaes, o
que disseminou bactérias por seu
corpo quando o material foi injetado. Os cortes no trato intestinal
foram reparados dias depois por
outra cirurgia. A tese da defesa do
médico cassado diz que o motivo
da morte foi a segunda intervenção cirúrgica feita para reparar os
erros cometidos por Caron.
Hospital
Ao ser impedido de clinicar em
Goiânia, por ter rompido um
acordo com o Ministério Público
de Goiás, Caron mudou-se para
Brasília e começou a operar em
um hospital do Distrito Federal. O
procedimento é irregular, porque
ele deveria levar sua carteira do
CRM de Goiás ao CRM de Brasília
e, após 90 dias na cidade, pedir
um registro secundário.
Essa norma serve para que os
hospitais saibam quem está habilitado a trabalhar como médico.
Segundo o presidente do CFM,
Edson de Oliveira Andrade, a diretoria do hospital de Taguatinga
(DF), onde Caron operava, está
sob investigação para apurar
eventuais responsabilidades.
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