DA REPORTAGEM LOCAL

João Gomide, 68, pai de Sandra Gomide, sorria ao telefone enquanto contava a um amigo sobre a decisão judicial que determinou a prisão de Antonio Pimenta Neves. "Foi uma das melhores coisas que já me aconteceram. Sem dúvida foi a melhor coisa que aconteceu nos últimos seis anos."
"Doía ouvir das pessoas que ele não ia ser preso porque tinha dinheiro e influência. Foi um alívio ouvir a notícia hoje. Saber que é possível fazer justiça neste país." Ele soube da decisão pela TV.
A violenta morte de Sandra desestruturou a família Gomide. O pai afirma que, após o crime, desenvolveu diabetes nervosa, que causou neuropatia -espécie de paralisia- em uma de suas mãos e em seus pés. Ele caminha com dificuldade e, em 2003, teve um infarto devido às más condições de saúde.
Desde a morte de Sandra, a mãe, Leonilda Castanho Gomide, 68, passou a apresentar sintomas de transtorno bipolar -doença em que há uma forte oscilação no humor entre uma fase de hiperatividade e grande imaginação e uma fase de depressão e ansiedade.
Leonilda tomava remédios, mas decidiu suspender o tratamento após maio, quando o juiz decidiu que Pimenta Neves aguardasse o julgamento do recurso em liberdade.
Nilton Gomide, 41, irmão mais velho de Sandra, estava com ela e com uma de suas filhas na chácara de Ibiúna quando a jornalista foi assassinada. "Esse crime azucrinou toda nossa vida. Essa decisão já chegou tarde", disse ele, que nunca mais voltou à chácara da família em Ibiúna. (MARIANA TAMARI)


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