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Aeronáutica contesta Pires e diz haver R$ 364 mi parados
Brigadeiro cita valor retido pelo governo em fundo e pede mais verba para controle aéreo
Em audiência na Câmara, ministro da Defesa voltou a negar o bloqueio de recursos e disse que seu salário é "muito inadequado"
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Defesa, Waldir
Pires, viu seu principal argumento na crise da aviação ir por
água abaixo ontem quando um
de seus subordinados, o brigadeiro Neimar Dieguez Barreiro, apresentou os bloqueios orçamentários sofridos pela Aeronáutica e disse que o controle
do tráfego aéreo precisa de
mais dinheiro. O ministro sempre negou o bloqueio de verbas
e ontem repisou o mote, mesmo diante das negativas públicas de seu subordinado militar.
Titular da Secretaria de Economia e Finanças da Aeronáutica, o brigadeiro Dieguez citou
um saldo de R$ 364 milhões do
Fundo Aeronáutico, composto
de tarifas pagas pelas empresas
aéreas. "A aviação hoje exige
que se faça mais investimentos,
mas a arrecadação própria não
é suficiente", apontou o militar,
pedindo verbas do Tesouro.
Ao dizer isso, em audiência
na Câmara dos Deputados, o
brigadeiro ecoou críticas semelhantes feitas anteontem pelo
Tribunal de Contas da União,
em auditoria. Naquele dia, o
ministro contestou o bloqueio
de verbas orçamentárias.
Ontem, Pires relativizou as
negativas: "No meu período, o
exercício de 2006, não houve
um centavo contingenciado.
Em 2005 foi mínimo. Em 2004,
nem um centavo. Em 2003, absolutamente inexpressivo".
Indagado por deputados sobre a disparidade, Pires alegou
que os valores do fundo são dinâmicos -há um total acumulado de R$ 1,9 bilhão para destinações variadas. E reafirmou
que o governo não bloqueou dinheiro da segurança de vôo.
Já Dieguez negou a capacidade de usar o fundo. "Esse valor
fica parado lá. Tem de negociar
liberação com o governo. Não
deixam usar." Ele propôs que o
dinheiro seja liberado em três
"parcelas" anuais de R$ 121 milhões até 2009, como suplementação ao orçamento do Departamento de Controle do Espaço Aéreo. "O sonho do Decea
é ter R$ 600 milhões ao ano."
A previsão de verbas do departamento é de R$ 485 milhões em 2007, valor pouco superior aos R$ 468,7 milhões
aprovados em 2004. Neste ano,
o Ministério do Planejamento
autorizou R$ 530,3 milhões.
Rádio reserva
Ontem, o comandante da Aeronáutica, Luiz Carlos Bueno,
disse na audiência que já instalou rádio reserva em Brasília e
que o processo começou nos
outros centros de controle: Manaus, Recife e Curitiba.
Também já assinou um contrato para manutenção e reduzirá a vida útil dos equipamentos em uso, que, segundo ele,
serão trocados depois de três
anos de uso -o sistema de Curitiba é o mesmo há 20 anos.
Bueno disse ainda que contratará 80 civis engenheiros para ajudar na manutenção. As
medidas saíram depois de uma
pane no sistema de Brasília, na
semana passada, levar ao cancelamento das decolagens em
três aeroportos: Brasília, Confins (MG) e Congonhas (SP).
Salário inadequado
Enquanto a equipe econômica se encrespa com os aumentos pleiteados por congressistas, Judiciário e Ministério Público, o ministro Pires aproveitou uma brecha na audiência
para reclamar do seu salário.
"Exibo meu contracheque a
qualquer um de vocês para verem que salário de ministro de
Estado não chega a R$ 6.000,
porque pago Imposto de Renda. A remuneração dos controladores não é ideal. Estamos todos desafiados a resolver isso."
Após a reunião, disse que não
reivindicava "coisa nenhuma",
mas que, "no serviço público,
há salários incompatíveis" e
que o vencimento de um ministro é "muito inadequado".
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