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PCC movimentou R$ 36 milhões em 1 ano
Levantamento do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou a movimentação do dinheiro
Investigação mostra o uso de 232 contas, sendo que em 80% a movimentação
foi inferior a R$ 100 mil,
para evitar a fiscalização
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Levantamento feito pelo
Coaf (Conselho de Controle de
Atividades Financeiras), com
base em investigações da polícia e do Ministério Público de
São Paulo, mostra que 260 pessoas ligadas ao PCC fizeram saques, depósitos e transferências bancárias no valor de R$
36,618 milhões entre novembro de 2005 e o mês passado.
Foram usadas 232 contas correntes, sendo que em 80% delas houve uma "movimentação
pulverizada", abaixo de R$ 100
mil, para evitar a fiscalização.
Pela legislação brasileira, as
instituições financeiras são
obrigadas a comunicar ao Coaf
qualquer saque ou depósito acima de R$ 100 mil, independentemente de qualquer suspeita.
Para o promotor de Justiça
Arthur Lemos, do Gaeco (grupo de combate ao crime organizado), o volume de dinheiro
movimentado pela facção pode
ser ainda maior. ""Há mais contas sendo investigadas. O objetivo principal é saber para onde
foi o dinheiro e bloquear as
contas", disse Lemos.
O Gaeco enviou ao DRCI (órgão do Ministério da Justiça de
combate à lavagem de dinheiro) uma lista de contas para
tentar descobrir se o PCC, que
também atua no Paraguai, remeteu dinheiro para o exterior.
Nesta semana, a Folha revelou que o PCC usou uma rede
de postos de gasolina para lavar
dinheiro, mas a lista de atividades lícitas para encobrir a origem criminosa dos recursos está crescendo, diz o promotor.
Os inquéritos correm sob segredo de Justiça.
O levantamento do Coaf destaca ainda que esses saques, depósitos e transferências foram
realizados, em sua maioria, no
Estado de São Paulo -na capital e em cidades do interior.
Mas outros oito Estados
também foram relacionados:
Bahia, Rio, Maranhão, Mato
Grosso do Sul, Rio Grande do
Norte, Rondônia, Mato Grosso
e Pará. Neste último, três contas de pessoas físicas e jurídicas
com um relacionamento em
comum movimentaram R$ 10
milhões na mesma cidade.
A identificação das pessoas
foi obtida com o cruzamento
dos dados de um CD apreendido pela polícia -com 412 contas usadas pelo PCC- com dados do Ministério Público, dos
bancos e do Coaf.
Foram identificadas 1.485
pessoas, sendo que apenas 260
apresentaram movimentações
suspeitas até agora. Há ainda
559 sendo investigadas.
Desde novembro de 2005, o
Coaf produziu nove relatórios
sobre essas contas. As maiores
movimentações foram listadas
nos documentos produzidos a
partir de agosto deste ano. O
relatório datado de 23 de agosto aponta uma movimentação
de R$ 8,4 milhões e o de setembro, R$ 11,757 milhões. Antes, o
montante identificado foi de,
no máximo, R$ 1,3 milhão.
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