São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

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PCC movimentou R$ 36 milhões em 1 ano

Levantamento do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou a movimentação do dinheiro

Investigação mostra o uso de 232 contas, sendo que em 80% a movimentação foi inferior a R$ 100 mil, para evitar a fiscalização

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Levantamento feito pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), com base em investigações da polícia e do Ministério Público de São Paulo, mostra que 260 pessoas ligadas ao PCC fizeram saques, depósitos e transferências bancárias no valor de R$ 36,618 milhões entre novembro de 2005 e o mês passado. Foram usadas 232 contas correntes, sendo que em 80% delas houve uma "movimentação pulverizada", abaixo de R$ 100 mil, para evitar a fiscalização.
Pela legislação brasileira, as instituições financeiras são obrigadas a comunicar ao Coaf qualquer saque ou depósito acima de R$ 100 mil, independentemente de qualquer suspeita.
Para o promotor de Justiça Arthur Lemos, do Gaeco (grupo de combate ao crime organizado), o volume de dinheiro movimentado pela facção pode ser ainda maior. ""Há mais contas sendo investigadas. O objetivo principal é saber para onde foi o dinheiro e bloquear as contas", disse Lemos.
O Gaeco enviou ao DRCI (órgão do Ministério da Justiça de combate à lavagem de dinheiro) uma lista de contas para tentar descobrir se o PCC, que também atua no Paraguai, remeteu dinheiro para o exterior.
Nesta semana, a Folha revelou que o PCC usou uma rede de postos de gasolina para lavar dinheiro, mas a lista de atividades lícitas para encobrir a origem criminosa dos recursos está crescendo, diz o promotor. Os inquéritos correm sob segredo de Justiça.
O levantamento do Coaf destaca ainda que esses saques, depósitos e transferências foram realizados, em sua maioria, no Estado de São Paulo -na capital e em cidades do interior.
Mas outros oito Estados também foram relacionados: Bahia, Rio, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Rondônia, Mato Grosso e Pará. Neste último, três contas de pessoas físicas e jurídicas com um relacionamento em comum movimentaram R$ 10 milhões na mesma cidade.
A identificação das pessoas foi obtida com o cruzamento dos dados de um CD apreendido pela polícia -com 412 contas usadas pelo PCC- com dados do Ministério Público, dos bancos e do Coaf.
Foram identificadas 1.485 pessoas, sendo que apenas 260 apresentaram movimentações suspeitas até agora. Há ainda 559 sendo investigadas.
Desde novembro de 2005, o Coaf produziu nove relatórios sobre essas contas. As maiores movimentações foram listadas nos documentos produzidos a partir de agosto deste ano. O relatório datado de 23 de agosto aponta uma movimentação de R$ 8,4 milhões e o de setembro, R$ 11,757 milhões. Antes, o montante identificado foi de, no máximo, R$ 1,3 milhão.


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