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"Em vez de impor regra, pai opta por medicar"
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem sempre o bagunceiro de
ontem é o TDAH de hoje. Apesar
de muitas escolas suspeitarem do
Transtorno de Déficit de Atenção
e Hiperatividade assim que uma
criança começa a se comportar
mal na sala de aula, muitas vezes o
que falta mesmo é limite.
Essa é a opinião de Lisandre
Maria Castello Branco, professora
de Ciências da Educação da USP.
"Nenhum remédio cura a falta de
educação. Em vez de impor regras, pais e professores optam por
medicar, o que é mais fácil."
Para ela, as escolas precisam assumir o seu papel e aprender a
trabalhar com crianças indisciplinadas. "O desafio não é ensinar
um aluno quietinho, mas o que
foge dos padrões." Quando uma
criança for realmente TDAH, afirma, também é necessário que o
colégio se adeqüe e trabalhe em
conjunto com a família.
Presidente do sindicato das escolas particulares (Sieeesp), José
Augusto Lourenço garante que é
isso que os colégios estão fazendo.
"As escolas têm se esforçado para
que seus educadores saibam diferenciar a indisciplina do começo
do distúrbio. Algumas já estão
contratando psicopedagogos."
No Colégio São Luís, região central de São Paulo, os professores
participam de cursos para se
aprofundar no assunto e já identificaram vários casos de distúrbio.
"Tem criança que não é bagunceira, preguiçosa. Ela se comporta
de forma diferente porque precisa
de ajuda e, nesses casos, chamamos os pais", diz uma das coordenadoras da escola, Cristina Mazzocchi. "Se em casa também é assim, sugerimos que os pais procurem um especialista. As suspeitas
quase sempre se confirmam."
Diagnóstico acertado, o próximo passo é ir ao médico. "A gente
faz questão de acompanhar. Tivemos um aluno, por exemplo, que
começou a tomar remédio e ficou
esquisito. Avisamos o médico,
que parou com a medicação."
Na Escola Santo Inácio, zona
sul, a parceria também ocorre.
"Damos palestras para os professores, que avisam os pais sobre
qualquer alteração no comportamento", diz Maria Luiza Faria,
uma das coordenadoras. "Quando o aluno é TDAH, fazemos um
acompanhamento individual."
O Colégio Graphein, na zona
oeste, é especializado em alunos
com problemas de aprendizagem. Lá, boa parte tem TDAH e,
por isso, a escola oferece uma estrutura diferenciada: os alunos
são agrupados por áreas de interesse, o conteúdo é personalizado
e cada professor ensina, no máximo, oito estudantes. "Cada dia é
um desafio. Mas não desistimos
de ensinar ninguém ", diz a diretora, Nívea Fabrício.
(DT)
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