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SAÚDE/NEUROLOGIA
Hipertensão arterial, colesterol, obesidade e tabagismo estão entre as principais causas
Derrame cerebral ataca cada vez mais antes dos 30 anos
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Reconhecido por atingir pessoas mais velhas, especialmente
depois dos 60 anos, o AVC (acidente vascular cerebral), popularmente conhecido como derrame,
está afetando cada vez mais pessoas jovens, abaixo de 30 anos.
Levantamento feito no Hospital
das Clínicas da Universidade Federal do Paraná com pessoas jovens vítimas de derrame associa
os casos de AVC às mudanças de
hábitos da última década.
Segundo a neurologista Viviane
Flumignan Zétola, coordenadora
do estudo no Paraná, hipertensão
arterial, aumento do colesterol,
diabetes, excesso de peso, sedentarismo, tabagismo e até mesmo o
uso de drogas são os principais fatores de risco identificados nos
pacientes estudados.
"A hipertensão arterial e o tabagismo foram os fatores mais prevalentes. Mas não podemos deixar de citar que houve uma piora
significativa na qualidade de vida.
O estresse acumulado e o colesterol elevado também foram fatores
importantes que percebemos nesses jovens", disse Viviane.
A neurologista também estudou o impacto de um derrame na
vida de um jovem que ainda está
em plena atividade social e trabalha. "Além de muitos terem de parar de trabalhar, porque ficam incapacitados, alguém da família
também deixa de trabalhar para
cuidar dessa pessoa. O conflito familiar é muito grande."
Da mesma opinião compartilha
o neurorradiologista José Maria
Modenesi Freitas, do Hospital
Santa Rita. "O número de casos
de derrame em jovens está cada
vez mais freqüente nos hospitais.
E essa é uma situação irrecuperável para toda a família."
O derrame é a primeira causa de
incapacidade do mundo e está entre as três primeiras causas de
morte. "Sempre há seqüela, por
menor que ela seja, porque há
morte do tecido cerebral. Geralmente há um comprometimento
da visão e da fala e a paralisação
de partes do corpo", explicou
Mirto Nelso Prandini, neurocirurgião da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo).
Diferenças
Há dois tipos de derrame cerebral: o isquêmico -que acontece
quando há o entupimento de uma
artéria, impedindo que o sangue
chegue até o cérebro- e o hemorrágico -provocado pelo
rompimento de uma artéria cerebral, causando um processo de
sangramento excessivo.
Proporcionalmente, o derrame
isquêmico é mais comum (corresponde a 70% dos casos, em
média) e menos grave do que o
derrame hemorrágico. "As conseqüências de um AVC podem ser
evitadas. A questão é identificar o
problema e chegar ao hospital no
momento certo, para recuperar o
paciente", afirmou Freitas.
Segundo os especialistas, o ideal
é que o paciente seja socorrido em
um hospital especializado em, no
máximo, três horas após o início
do derrame. Isso porque o cérebro não suporta ficar muito tempo sem receber oxigenação.
"Quando a pessoa está tendo
um AVC, começa a perder força
de um dos lados do corpo, a fala
fica comprometida e ela perde a
capacidade de raciocinar. Os familiares precisam estar atentos a
esses sinais", orientou Prandini.
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