São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Com lancha, windsurf e caiaque, represa na zona sul de São Paulo atrai 5.000 pessoas em final de semana ensolarado

No calor, Guarapiranga é oásis paulistano

CONSTANÇA TATSCH
DA REDAÇÃO

"Parece um oásis dentro de São Paulo." A frase ilustra a eterna busca dos paulistanos por um lugar menos cinzento e com temperaturas mais amenas nestes dias em que o termômetro está sempre acima de 30C. Lá, sempre uns graus a menos do que no concreto e no asfalto do centro. E o contabilista Diego Camacho, 25, resolveu seu problema: agora freqüenta a represa de Guarapiranga.
O reservatório da zona sul serve de cenário para novos esportistas que pegam carona no vento a bordo de veleiros e pranchas de windsurf e kitesurf. Passeios de caiaque, escuna e lancha garantem o dia de quem não leva muito jeito com a vela.
De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente, freqüentam a represa, em média, 5.000 pessoas em um final de semana de sol.
Na água, é possível ver as carinhas orgulhosas de crianças e adultos que se aventuram e conseguem pôr para andar os seus "possantes". Quando o vento não ajuda, o negócio é nadar.
A paisagem agradável ofusca as preocupações a respeito da água poluída (leia texto nesta página). "A represa foi uma surpresa, porque a gente escuta falar da poluição, mas achei limpa, sem problemas", diz Diego, que está fazendo o curso básico de windsurf. Morador da zona norte, o rapaz não sabia o que fazer nos fins de semana em que não podia surfar na praia ou fazer caminhadas no campo.
Os iniciantes comemoram levar poucos tombos -os novos equipamentos estão mais adaptados para facilitar a vida de quem começa-, mas dá para sentir uma pontinha de ""frustração" de quem esperava cair o tempo todo.
"É uma boa opção de lazer, e velejar é terapêutico, faz bem para a cuca", afirma o velejador há mais de 30 anos e dono da escola Pêra Náutica, Paulo "Pêra" Rodrigues.
Para ele, o crescimento da procura pela vela está ligado ao sucesso de atletas brasileiros. Outro fator positivo é que, após cerca de quatro anos de seca, a represa começa seu segundo verão cheia.
Um curso de windsurf ou veleiro custa em torno de R$ 390, por 12 horas de aula, divididas em quatro dias. O aluno aprende um pouco sobre o equipamento e o vento e depois vai para a água.
"Nas primeiras três horas, já dá para brincar. Com seis horas, o aluno faz tudo sozinho", conta o instrutor da Pêra, Adílson Guedes do Nascimento, que veio de Ilhabela para dar aulas na represa.
As escolas também alugam equipamentos e servem como marinas, de forma que, no verão, é comum ver mulheres tomando banhos de sol, jovens de olho nas moças e crianças correndo atrás de cachorros, que, por sua vez, correm atrás das garças.
"Nos dias de sol e vento, colocamos até 70 "winds" na água. As pessoas ficam surpresas quando chegam aqui e vêem a beleza do lugar", diz o proprietário da escola, marina e clube Tempo Wind Clube, Ricardo Munhoz.
O amor pela Guarapiranga fez o analista Almir dos Santos Pereira, 40, mudar para uma casa de onde pudesse vê-la. Com a vista garantida, ele decidiu explorar suas águas e levou o filho Rafael, de 13 anos, para fazer um curso de windsurf. "Era sábado e eu estava trabalhando, deu aquele estalo, entrei na internet, vim de tardezinha e marquei as aulas", conta.
Além da vela, caiaques são alugados por R$ 20 a hora. Passeios de lancha -a R$ 20, por 40 minutos- e de escuna -R$ 10, por uma hora- também são opções. O roteiro inclui ilhas da represa. Em uma, é possível ver macacos.


Texto Anterior: Mito ou verdade?
Próximo Texto: Água nem sempre é própria para banho
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.