São Paulo, sexta, 15 de janeiro de 1999

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PROBLEMAS
Relatório aponta atendimento falho
Hospital do RJ poderia ter evitado mortes

SÉRGIO RANGEL
da Sucursal do Rio

Relatório da Secretaria de Estado de Saúde do Rio considerou "evitáveis" as mortes de três parturientes desde o início de dezembro no Hospital Pedro 2º, em Santa Cruz, zona oeste da capital.
A denúncia sobre as mortes foi feita na semana passada pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde de Santa Cruz, Getúlio Gomes da Rocha, 35.
Na ocasião, Rocha acusou a direção do hospital de atender precariamente e de esconder a morte de nove recém-nascidos e de cinco parturientes. Os números não foram confirmados pela secretaria.
De acordo com o relatório, divulgado ontem pelo secretário estadual da Saúde, Gilson Cantarino, duas mortes ocorreram por causa de sangramento pós-parto, e a outra, em virtude de uma crise convulsiva.
"Nos primeiros dois casos, houve problema no abastecimento de sangue do hospital. Já no último, houve uma indefinição de diagnóstico", disse Cantarino.
Segundo o secretário, o relatório será encaminhado ao Ministério Público e aos Conselhos Regionais de Medicina e de Enfermagem.
No relatório, a secretaria obriga a direção do hospital a reequipar o laboratório e a unidade de transfusão de sangue até o início da próxima semana.
De acordo com o parecer da secretaria, o hospital também perdeu a classificação de maternidade para casos de "alto risco".
Com relação à morte de recém-nascidos, a secretaria investigou apenas três casos, e não os nove denunciados.
Para o secretário, dois recém-nascidos morreram por ser prematuros. O outro morreu após ser transferido para o hospital.
Segundo Cantarino, as mortes no Pedro 2º ocorreram por causa da transição malfeita do governo para a área privada. Em agosto, o Hospital Pedro 2º teve a sua gestão terceirizada.
A Folha tentou falar com a direção do Pedro 2º, mas ninguém atendia ao telefone no hospital.
Ontem, funcionários do estabelecimento realizaram greve durante uma hora para protestar contra o atraso do pagamento.
Cantarino é favorável ao fim da terceirização no setor. Sete hospitais, todos na região metropolitana do Rio, já foram privatizados.



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