São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2000


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GLOBALIZAÇÃO
Estudo diz que descoordenação entre governos prejudica solução de problemas
Falta de cooperação obstrui eixo Rio-SP

da Reportagem Local

Um dos principais obstáculos para que o eixo Rio-São Paulo tenha posição de destaque na rede de cidades mundiais é a falta de cooperação entre os diferentes níveis de governo.
A opinião é de Fernando Rezende, da Fundação Getúlio Vargas, um dos autores do estudo "Rio/ São Paulo: Cidades Mundiais".
"Existe uma indefinição (entre os governos federal, estadual e municipal) sobre o poder público responsável. Isso traz uma incapacidade para resolver grandes problemas."
Rezende e outros três pesquisadores -Hamilton Tolosa, da Faculdade Cândido Mendes, Roberto Cavalcanti de Albuquerque, do Instituto Nacional de Altos Estudos, e Paulo Sérgio Moreira da Fonseca, do BNDES,- apresentaram ontem, em um seminário promovido pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo, o estudo conduzido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
O conceito de cidades mundiais abrange os centros urbanos que administram, coordenam, planejam e servem a economia global.
Para isso, as cidades precisam ser competitivas (dispor de serviços urbanos), ter acessibilidade (dispor de rotas de comunicação) e ser atrativas (dispor de possibilidades de lazer e diversão).
No topo dessa hierarquia estão Nova York, Londres e Tóquio.
"São Paulo e Rio têm uma posição única no mundo. Suas economias são complementares", diz Rezende. Ele destaca uma vantagem natural para que elas sejam consideradas cidades mundiais: representam a maior concentração econômica do hemisfério sul, estão a menos de 400 quilômetros uma da outra, detêm 20% da população e 30% do PIB (Produto Interno Bruto) do país.
Além dos expositores do estudo, participaram do seminário, como debatedores, Gilberto Dupas e Jorge Wilheim, ambos do IEA, e Regina Meyer, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
O papel do Estado nesse sistema de cidades mundiais foi o principal aspecto questionado por eles.
"A cidade mundial é uma realização do capital. Cabe ao poder público resolver os problemas sociais que irão surgir para reequilibrar as cidades", diz Meyer.
Para Hamilton Tolosa, a idéia de cidade mundial não tem a pretensão de resolver problemas de desigualdade, malha urbana e uso do solo. "Muitas vezes até agrava esses problemas", admite ele. "A idéia é querer apropriar uma parte dos benefícios da globalização de forma mais organizada. Senão, só nos apropriamos dos custos."


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