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GLOBALIZAÇÃO
Estudo diz que descoordenação entre governos prejudica solução de problemas
Falta de cooperação obstrui eixo Rio-SP
da Reportagem Local
Um dos principais obstáculos
para que o eixo Rio-São Paulo tenha posição de destaque na rede
de cidades mundiais é a falta de
cooperação entre os diferentes níveis de governo.
A opinião é de Fernando Rezende, da Fundação Getúlio Vargas,
um dos autores do estudo "Rio/
São Paulo: Cidades Mundiais".
"Existe uma indefinição (entre
os governos federal, estadual e
municipal) sobre o poder público
responsável. Isso traz uma incapacidade para resolver grandes
problemas."
Rezende e outros três pesquisadores -Hamilton Tolosa, da Faculdade Cândido Mendes, Roberto Cavalcanti de Albuquerque, do
Instituto Nacional de Altos Estudos, e Paulo Sérgio Moreira da
Fonseca, do BNDES,- apresentaram ontem, em um seminário
promovido pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo, o estudo
conduzido pelo Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada).
O conceito de cidades mundiais
abrange os centros urbanos que
administram, coordenam, planejam e servem a economia global.
Para isso, as cidades precisam
ser competitivas (dispor de serviços urbanos), ter acessibilidade
(dispor de rotas de comunicação)
e ser atrativas (dispor de possibilidades de lazer e diversão).
No topo dessa hierarquia estão
Nova York, Londres e Tóquio.
"São Paulo e Rio têm uma posição única no mundo. Suas economias são complementares", diz
Rezende. Ele destaca uma vantagem natural para que elas sejam
consideradas cidades mundiais:
representam a maior concentração econômica do hemisfério sul,
estão a menos de 400 quilômetros
uma da outra, detêm 20% da população e 30% do PIB (Produto
Interno Bruto) do país.
Além dos expositores do estudo, participaram do seminário,
como debatedores, Gilberto Dupas e Jorge Wilheim, ambos do
IEA, e Regina Meyer, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da USP.
O papel do Estado nesse sistema
de cidades mundiais foi o principal aspecto questionado por eles.
"A cidade mundial é uma realização do capital. Cabe ao poder
público resolver os problemas sociais que irão surgir para reequilibrar as cidades", diz Meyer.
Para Hamilton Tolosa, a idéia
de cidade mundial não tem a pretensão de resolver problemas de
desigualdade, malha urbana e uso
do solo. "Muitas vezes até agrava
esses problemas", admite ele. "A
idéia é querer apropriar uma parte dos benefícios da globalização
de forma mais organizada. Senão,
só nos apropriamos dos custos."
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