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JUSTIÇA
Para advogada, processo tem contradições e faltam provas para responsabilizar os 2 skinheads pela morte do adestrador
Defesa culpa mídia e promete recorrer
DA REPORTAGEM LOCAL
A defesa dos skinheads Juliano
Filipini Sabino e José Nilson Pereira da Silva promete recorrer da
decisão do júri popular, mas ainda não definiu os argumentos que
usará para reverter a condenação.
"É uma obrigação nossa recorrer. Ainda vamos estudar de que
forma. Pode ter a certeza de uma
coisa: a pressão da mídia influenciou", disse Irene Hajaj, uma das
advogadas. O prazo para contestação é de cinco dias.
"O processo apresenta muitas
contradições. Com as provas que
existem, não dá para dizer que
eles são responsáveis pelo crime",
afirmou Hajaj.
Além dos dois skinheads condenados a 21 anos de prisão, outros quatro deveriam ter sido julgados anteontem, mas os advogados decidiram separar os processos. A data do próximo júri deve
sair até o final desta semana.
Sabino e Pereira da Silva estavam presos no Centro de Detenção Provisória de Osasco (região
metropolitana de São Paulo), que
registrou um motim anteontem.
Dos 18 acusados (duas mulheres e 16 homens), nove continuam
presos pela morte do adestrador
Edson Neris da Silva (um deles,
Jorge da Conceição Soler, em sistema domiciliar, por ter confessado sua participação e delatado os
demais). Dois estão detidos por
crimes anteriores.
Os outros sete estão em liberdade provisória porque não foram
pronunciados pela Justiça por homicídio, mas apenas por formação de quadrilha.
Um irmão e uma irmã de Pereira da Silva, que não quiseram se
identificar, deixaram o fórum
chorando ontem de madrugada,
após a divulgação da sentença.
"Eu não acredito mais na Justiça. Desde criança, ele é apenas
uma pessoa que defende a nação
brasileira", disse o rapaz.
"Por que filho de juiz queima
índio e deixa a cadeia? Não existe
Justiça para pobre?", questionou a
menina.
Eles dizem temer pela segurança dos dois condenados a partir
de agora. "Não é nem receio, é
certeza de que eles vão apanhar. O
convívio na cadeia é muito complicado. Eles podem morrer lá
dentro", disse o irmão.
Segundo eles, os próximos 16
skinheads que serão julgados dificilmente vão confessar participação no assassinato de Neris da Silva, pois correm risco de sofrer represálias na cadeia.
Para o promotor Marcelo Milani, a condenação de Sabino e Pereira da Silva deve influenciar os
próximos julgamentos. "É um
primeiro passo, um precedente
para condenar os outros que fazem parte da gangue nazista."
(ALENCAR IZIDORO)
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