São Paulo, quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

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TRANSPORTE

Segundo pesquisa, explicação está na elevação da tarifa e na superlotação, que secretário afirma estar sendo combatida

Aprovação aos ônibus cai na gestão Serra

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A aprovação ao serviço dos ônibus municipais de São Paulo caiu de 61% para 52% no primeiro ano do governo José Serra (PSDB).
Foi a maior queda do nível de satisfação dentre todas as modalidades de transporte coletivo e a maior redução anual desde 2000 -além de semelhante à verificada no segundo ano da administração Marta Suplicy (PT), antes da implantação do bilhete único.
As principais explicações para os resultados da pesquisa da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) divulgada ontem estão ligadas à elevação da tarifa, de R$ 1,70 para R$ 2, e à superlotação dos ônibus, num ano em que houve recorde de passageiros sem contrapartida da oferta -ao contrário, com queda de 5% da frota em algumas regiões.
O bilhete único contribuiu para que 2,5 bilhões de passageiros passassem nas catracas em 2005 (alta de 49%), superior à marca de 2,1 bilhões registrada em 1986.
"O bilhete é uma grande vantagem, mas não houve a mesma acomodação dos passageiros", disse Rogério Belda, presidente da ANTP e assessor da Secretaria Municipal dos Transportes, numa referência ao desconforto dentro dos ônibus.
A existência do cartão inteligente, que permite baldeações gratuitas em duas horas pagando uma só passagem, e dos corredores exclusivos não evitou que a aprovação aos coletivos municipais ficasse em 2005 inclusive abaixo da dos outros transportes avaliados.
Enquanto 52% dos que usaram os serviços nos três meses anteriores à pesquisa -de outubro a novembro- consideravam os ônibus da capital bons ou excelentes, 55% tinham essa avaliação dos trens, 64% dos ônibus metropolitanos e 90% da rede do Metrô.
Com exceção dos ônibus do corredor São Mateus/Jabaquara, a cargo da EMTU (empresa estadual que gerencia os coletivos intermunicipais), todos os modos tiveram redução do nível de satisfação entre 2004 e 2005, mas nenhum caso se aproximou da queda de nove pontos percentuais verificada nos ônibus paulistanos.
A pesquisa teve 2.300 entrevistas na Grande São Paulo, com margem de erro de dois pontos percentuais para os dados gerais.
Mesmo com a possibilidade das baldeações gratuitas, só 18% dos usuários estão satisfeitos com a tarifa de R$ 2 em relação ao que os serviços valem. Esse índice é de 24% nos trens e de 38% no Metrô.
A integração do bilhete do ônibus com a rede sobre trilhos, pelo preço de R$ 3, anunciada no final do ano, ainda não havia sido definida na época das entrevistas.
A insatisfação com os coletivos da capital é maior nas zonas leste e sul. Nos corredores, ela é inferior: a aprovação alcança 59%.
O secretário dos Transportes de Serra, Frederico Bussinger, disse que a superlotação dos ônibus "é uma realidade" que está sendo combatida com mudanças nas linhas e remanejamento da frota.
"É verdade que há pontos superlotados, mas há outros ociosos, batendo lata, como na avenida Paulista", afirmou Bussinger, para quem a piora na avaliação reflete a alta da demanda em 2005. O SP Urbanuss (sindicato das viações) afirmou que alguns problemas estão relacionados a fatores que independem das empresas, como tempo de viagem -agravado por congestionamentos.
Atílio Nerilo, gerente de gestão de qualidade da CPTM, avalia que parte da queda na aprovação dos trens -de 60% para 55%- pode estar ligada ao aumento de passageiros. "Os novos usuários costumam ser mais críticos", afirmou.


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