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EDUCAÇÃO
Ele foi internado por causa de produto químico
Calouro tem o cabelo e o pescoço queimados em trote em Franca
ANA LÍGIA VASCONCELLOS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Vítima do trote mais violento
cometido contra alunos da Unifran (Universidade de Franca) em
toda a história da instituição, o calouro de administração de empresas Tiago Rosa Careta, 21, teve
a cabeça e o pescoço queimados
por um produto químico lançado
sobre ele anteontem, no primeiro
dia de aula da universidade, que é
a maior particular da região, no
interior paulista.
O produto químico, permanganato de potássio, foi jogado, segundo a polícia, por uma caloura
da universidade. O incidente
ocorreu em frente à Unifran, mas
fora da instituição. Os trotes estão
proibidos desde 1999.
Careta é de Cristais Paulista, cidade próxima a Franca. Como
queria escapar do trote e voltar
para casa cedo, ele optou por ir de
carro à aula inaugural. Mesmo assim, foi pego dentro da universidade e levado para fora.
"Na hora, já começou a arder,
queimar. Achei que não ia conseguir dirigir", disse o aluno, que foi
direto para a casa da namorada,
em Franca, tomar banho. Com o
contato com a água, o ardor piorou, e ele teve que ser internado
na Santa Casa.
Vendido em farmácia, o permanganato de potássio é um pó
escuro usado como bactericida,
fungicida, desinfetante e no tratamento de água potável. O produto foi jogado na cabeça do calouro
e queimou o cabelo, o couro cabeludo e parte do pescoço, além de
manchar alguns dedos.
A mãe do calouro, a funcionária
pública Maria Luiza Careta, 41,
disse estar "horrorizada": "Poderiam ter cegado ele". A família
processará o autor do ataque.
O cirurgião plástico Eurípedes
José Florentino Motta disse que a
queimadura é de grau "moderado" e que ainda não é possível dizer se haverá seqüelas.
Careta não quis revelar o nome
da estudante, mas seu pai foi à polícia e pediu a investigação do caso. A Polícia Civil abriu inquérito
para apurar lesão corporal intencional. Ontem, uma garota, que
não quis falar com a Folha, prestou depoimento. O delegado-seccional Maury de Camargo Segui
afirmou que ela disse ter jogado o
produto no calouro. Ele disse, porém, estar convencido de que ela
não sabia da periculosidade da
substância. O delegado afirmou
que vai indiciar um outro aluno
da Unifran, que teria fornecido o
pó químico a ela. "Se não houvesse potencial de lesão, então por
que levar o produto para lá?"
Os responsáveis pela violência
podem pegar de um a cinco anos
de detenção, que pode ser ampliada para até oito anos caso fique
comprovado que o cabelo de Careta não voltará a nascer.
A Unifran afirmou que abriu
procedimento administrativo para apurar o incidente.
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