São Paulo, quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

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UNIVERSIDADE

A Fundação São Paulo terá agora 2 representantes na Secretaria Executiva da faculdade e dará a palavra final nas decisões

Igreja Católica tira poderes da reitora da PUC

DA REPORTAGEM LOCAL

A Igreja Católica retirou poderes da reitora da PUC-SP, Maura Véras. A medida foi tomada porque Véras não conseguiu acabar com o déficit mensal de R$ 4 milhões da universidade.
A Fundação São Paulo, que é a mantenedora da PUC e tem dom Cláudio Hummes no principal cargo, alterou a formação da Secretaria Executiva, órgão responsável pela gestão da universidade.
Até a semana passada, a secretaria era formada pela reitora e por um representante da fundação. Agora, será formada pela reitora e por dois membros ligados à Igreja -com isso, em temas polêmicos, Véras poderá ser voto vencido.
Véras enviou carta aos professores explicando a situação. Nela, deixa claro que a fundação será a responsável pelo enxugamento final das contas -sob o comando de Véras, o corte mensal chegou a R$ 3,1 milhões (78% da meta).
"O esforço, que exigiu sacrifícios de todos os setores, apesar de inédito e muito significativo, não foi suficiente. Com isso, não foi possível responder às exigências de nossos credores nos prazos e nos montantes estipulados", diz.
A reitora, que afirma que não irá renunciar, se refere aos bancos Bradesco e ABN Amro, a quem a PUC deve R$ 82 milhões.
Até agora, houve o anúncio de 268 demissões, entre professores e funcionários. Segundo a Folha apurou, a Fundação São Paulo negocia com os bancos um novo empréstimo, para que a indenização desses profissionais seja paga. Neste momento, a PUC não tem dinheiro em caixa, o que vem causando atrasos nos salários.
Para a PUC, a nova composição da Secretaria Executiva não é uma intervenção porque a fundação ainda não anunciou como serão as atividades do órgão. Mas a medida já gerou protestos.
"A decisão quebrou a autonomia e o processo democrático na universidade", afirmou o diretor da Apropuc (associação dos docentes), Erson de Oliveira. A entidade, além de representantes dos estudantes e de funcionários, se reúnem amanhã para discutir a situação da instituição.
O temor na universidade é com a forma com que os novos cortes serão feitos - dificilmente não haverá mais demissões.
A reportagem tentou contato com a Fundação São Paulo ontem, mas não conseguiu retorno.
Devido à crise financeira, o início das aulas, previsto para a última segunda-feira, foi adiado para 2 de março. Por conta das demissões, não foi possível fazer a distribuição da carga horária entre os professores. (FÁBIO TAKAHASHI)


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