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Base governista consegue adiar votação no Senado sobre redução de maioridade
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A pedido do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, a base de
sustentação do governo conseguiu ontem adiar a votação, na
Comissão de Constituição e
Justiça do Senado, da proposta
de emenda constitucional que
reduz de 18 para 16 anos a
maioridade penal -a idade em
que um jovem responde criminalmente por seus atos.
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) pediu vista da matéria e pretende apresentar um
relatório alternativo derrubando essa mudança na Constituição. A votação foi remarcada
para o dia 28. Ele defende uma
alteração no ECA (Estatuto da
Criança e do Adolescente), aumentando de três para dez anos
o limite para a internação de jovens que cometeram crimes.
Anteontem o presidente Lula pediu a líderes de sua base no
Congresso que tentassem impedir a redução da maioridade
penal. Para ele, essa medida poderia "desproteger os adolescentes" e não resolveria o problema da violência.
O debate sobre o assunto tomou conta da sessão durante a
manhã. O relator da matéria,
senador Demóstenes Torres
(PFL-GO), reuniu todas as propostas existentes e apresentou
um parecer diminuindo a
maioridade penal de 18 para 16
anos. O jovem só seria preso,
porém, se cometesse um crime
hediondo, traficasse drogas ou
praticasse tortura. Nos outros
casos, estaria sujeito a penas alternativas ou socioeducativas.
Já o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE),
apresentou ontem na CCJ uma
proposta, com o apoio de parte
da oposição e do PMDB, pela
qual o limite de 18 anos poderia
ser desconsiderado se o Ministério Público considerasse o
crime hediondo ou o Conselho
Tutelar avaliasse que o menor
não pode continuar livre.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
contrário à redução da maioridade, já considera a mudança
inevitável. "Está havendo uma
pressão enorme", disse ele.
Calheiros foi procurado ontem pelo governador do Rio de
Janeiro, Sérgio Cabral
(PMDB), que lhe pediu apoio
para reduzir a maioridade de
acordo com a gravidade do crime e, ainda, para a concessão
de autonomia aos Estados
quanto às suas leis penais. Cabral enviará os projetos ao
Congresso após o Carnaval.
Calheiros afirmou que montará uma comissão para discutir o tema. Para essa descentralização ocorrer, o Congresso terá que abrir mão de poderes.
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