São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo de SP decide parar obra do metrô

Consórcio Via Amarela terá de preparar laudos de segurança sobre todas as frentes de trabalho e submetê-los ao IPT

Os trabalhos de escavação serão mantidos apenas nos trechos em que a paralisação da obra poderia representar algum risco

DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO

O governo de São Paulo determinou ontem a paralisação da linha 4-amarela do metrô paulista em todas as frentes de trabalho até que laudos atestem a segurança da obra.
Os trabalhos só continuarão nos casos e situações em que a suspensão das atividades poderia representar insegurança.
A interrupção será mantida até a elaboração de laudos pelo Consórcio Via Amarela, responsável pela obra, que, por determinação do governo, terá de submetê-los ao IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).
Na medida em que os laudos de cada uma das 23 frentes de trabalho forem liberados pelo IPT, os trechos serão retomados. Mas a expectativa é que a construção da linha 4 só volte ao normal em todos os trechos depois de mais de dois meses.
A decisão foi tomada mais de um mês depois do acidente que deixou sete mortos na estação Pinheiros e um dia após a divulgação de um laudo pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, que apontava falhas de soldagem na estação Fradique Coutinho que poderiam "ocasionar acidentes de proporções imprevisíveis".
O secretário dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, divulgou a decisão após se reunir com José Serra (PSDB).
O Consórcio Via Amarela, integrado por Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, nega riscos na linha 4 e não havia se manifestado sobre a decisão do governo até a noite de ontem.
Assim como a direção do Metrô, as empreiteiras desqualificaram a conclusão do laudo sobre a soldagem na Fradique Coutinho e afirmaram haver segurança total na estação.
As duas partes, porém, se recusaram a fornecê-lo -a Folha só obteve cópia do documento por meio da TV Globo e do sindicato dos metroviários.

Sem informação
A suspensão, que afeta também os pagamentos às construtoras (que recebem pelo andamento das obras), foi anunciada no final da tarde de ontem, após entrevistas em que as direções do Metrô e do consórcio asseguravam não haver riscos devido às soldas na Fradique.
O principal motivo de insatisfação de integrantes da gestão Serra -e estopim para paralisar as obras- foi o fato de o consórcio não ter informado o Metrô e a Promotoria sobre o laudo da Fradique. O governo só soube pela TV dos problemas de solda detectados havia duas semanas. Diz que o Via Amarela receberá advertência.
"O mais grave foi o consórcio não ter informado ao Metrô e a mim que havia um problema, que havia um laudo que apontava insegurança", afirmou Portella. "Parte do laudo o próprio consórcio contesta, mas só que deveria ter contestado na data em que ele foi feito, e não agora. Isso é o mais grave."
Tanto o consórcio quanto o governo minimizam as conclusões do laudo da Fradique. Dizem que há problemas de solda, mas que não representam ameaça à estrutura da obra.
Segundo Portella, dos laudos necessários para 23 frentes, seis já foram feitos (após solicitação de 17 de janeiro) e precisam apenas da análise do IPT.
Em duas semanas, o consórcio terá que contratar uma equipe para fazer um pente fino e produzir os laudos restantes da linha 4. De acordo com o secretário, o IPT conseguirá verificar os laudos de quatro frentes a cada dez dias. O governo pediu todos os laudos da linha 4 desde o acidente em Pinheiros.


Texto Anterior: Mortes
Próximo Texto: "Não existe risco na linha 4", afirma engenheiro do Consórcio Via Amarela
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.