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Controladores ameaçam parar no Carnaval
Categoria decide hoje se deflagra uma operação braços cruzados no Cindacta 1, em Brasília, para pressionar o governo
Casa Civil não comenta a ameaça; insatisfação é com a demora para iniciar a discussão da proposta de desmilitarização do setor
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os controladores de tráfego
aéreo de Brasília decidem hoje
se realizarão uma operação
braços cruzados durante o feriadão do Carnaval. Apesar da
suspeita de blefe para pressionar o governo, porta-vozes da
categoria afirmam que a "paciência está esgotada".
Controladores se reuniram
ontem para avaliar a capacidade de mobilizar pelo menos
70% do efetivo no Cindacta-1,
segundo apurou a Folha. A
idéia é provocar desfalques nas
equipes. Assim, por segurança,
seria necessário restringir pousos e decolagens.
O Cindacta 1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo), com
sede em Brasília, controla o
tráfego nos Estados de São
Paulo, Rio, Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás, parte do
Mato Grosso e parte do Mato
Grosso do Sul. Ele gerencia cerca de 70% dos vôos do país.
Hoje, a ABCTA (Associação
Brasileira de Controladores de
Tráfego Aéreo) se reúne com o
deputado Alberto Fraga (PFL-DF), que foi escalado para fazer
um "último apelo" ao governo.
Segundo o presidente do sindicato dos controladores civis,
Jorge Botelho, o governo está
ciente de que "há risco real de a
categoria parar". Ele representa uma parcela civil minoritária dos controladores, mas vem
conduzindo as negociações
porque os militares não podem
exercer atividade sindical.
"O Palácio do Planalto está
informado do risco real de os
controladores cruzarem os
braços no Carnaval, apesar de
qualquer ameaça de punição. A
resposta até agora foi o silêncio", disse Botelho.
Segundo ele, a categoria foi
paciente e esperou as férias do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e prioridades políticas como o Programa de Aceleração
do Crescimento. Mas avalia
que a nova prorrogação do prazo para decidir a desmilitarização demonstra que há "inércia"
e falta de vontade política.
Procurada, a Casa Civil da
Presidência não se manifestou.
É nessa instância que está parada a proposta de desmilitarização do setor, concluída por
um grupo de trabalho interministerial em dezembro.
Anteontem, a ministra Dilma Roussef realizou uma reunião de quase quatro horas
com autoridades do setor para
avaliar as precauções e planos
de contingência para evitar um
novo caos aéreo no Carnaval.
"Vou fazer uma última tentativa com a Casa Civil. Acho que
podem, sim, cruzar os braços",
disse o deputado Fraga.
A Aeronáutica não comentou a ameaça. Nas últimas semanas, a FAB afirmou que não
haverá problemas porque as
escalas estão completas e os
equipamentos foram checados.
O ministro da Defesa, Waldir
Pires, afirmou que o governo
tomou todas as precauções
possíveis para evitar novo caos
no Carnaval e disse que a principal preocupação é a chuva.
"A nossa expectativa é a de
que nós tenhamos toda a população podendo ir e vir no Carnaval em paz. Temos preocupação com o período de chuvas,
que, em virtude da própria malha, pode determinar atrasos."
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