São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

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Controladores ameaçam parar no Carnaval

Categoria decide hoje se deflagra uma operação braços cruzados no Cindacta 1, em Brasília, para pressionar o governo

Casa Civil não comenta a ameaça; insatisfação é com a demora para iniciar a discussão da proposta de desmilitarização do setor

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os controladores de tráfego aéreo de Brasília decidem hoje se realizarão uma operação braços cruzados durante o feriadão do Carnaval. Apesar da suspeita de blefe para pressionar o governo, porta-vozes da categoria afirmam que a "paciência está esgotada".
Controladores se reuniram ontem para avaliar a capacidade de mobilizar pelo menos 70% do efetivo no Cindacta-1, segundo apurou a Folha. A idéia é provocar desfalques nas equipes. Assim, por segurança, seria necessário restringir pousos e decolagens.
O Cindacta 1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo), com sede em Brasília, controla o tráfego nos Estados de São Paulo, Rio, Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás, parte do Mato Grosso e parte do Mato Grosso do Sul. Ele gerencia cerca de 70% dos vôos do país.
Hoje, a ABCTA (Associação Brasileira de Controladores de Tráfego Aéreo) se reúne com o deputado Alberto Fraga (PFL-DF), que foi escalado para fazer um "último apelo" ao governo.
Segundo o presidente do sindicato dos controladores civis, Jorge Botelho, o governo está ciente de que "há risco real de a categoria parar". Ele representa uma parcela civil minoritária dos controladores, mas vem conduzindo as negociações porque os militares não podem exercer atividade sindical.
"O Palácio do Planalto está informado do risco real de os controladores cruzarem os braços no Carnaval, apesar de qualquer ameaça de punição. A resposta até agora foi o silêncio", disse Botelho.
Segundo ele, a categoria foi paciente e esperou as férias do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e prioridades políticas como o Programa de Aceleração do Crescimento. Mas avalia que a nova prorrogação do prazo para decidir a desmilitarização demonstra que há "inércia" e falta de vontade política.
Procurada, a Casa Civil da Presidência não se manifestou. É nessa instância que está parada a proposta de desmilitarização do setor, concluída por um grupo de trabalho interministerial em dezembro.
Anteontem, a ministra Dilma Roussef realizou uma reunião de quase quatro horas com autoridades do setor para avaliar as precauções e planos de contingência para evitar um novo caos aéreo no Carnaval.
"Vou fazer uma última tentativa com a Casa Civil. Acho que podem, sim, cruzar os braços", disse o deputado Fraga.
A Aeronáutica não comentou a ameaça. Nas últimas semanas, a FAB afirmou que não haverá problemas porque as escalas estão completas e os equipamentos foram checados.
O ministro da Defesa, Waldir Pires, afirmou que o governo tomou todas as precauções possíveis para evitar novo caos no Carnaval e disse que a principal preocupação é a chuva.
"A nossa expectativa é a de que nós tenhamos toda a população podendo ir e vir no Carnaval em paz. Temos preocupação com o período de chuvas, que, em virtude da própria malha, pode determinar atrasos."


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