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Inquérito aponta más condições de trabalho
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público do Trabalho de São Paulo divulgou
ontem o resultado de um inquérito no qual aponta que há
"riscos reais" de um novo acidente aéreo no país, devido às
más condições de trabalho dos
controladores de vôo.
A Procuradoria afirma que
estão em atividades profissionais que não receberam o treinamento devido e que não há
respeito às normas de descanso
dos controladores.
O Ministério Público notificou tanto a Infraero quanto a
Aeronáutica, com a exigência
de que haja mudanças na área.
Caso não ocorram, poderá ser
instaurada uma ação civil pública. Os dois órgãos não haviam se manifestado até a conclusão desta edição.
A investigação, comandada
pelo procurador Fábio Fernandes, começou após a queda do
avião da Gol, em setembro passado, que matou 154 pessoas.
Foram ouvidos sete controladores militares e quatro civis.
A análise, a princípio, seria nas
condições de segurança aérea
em São Paulo (Congonhas e
Cumbica), mas se estendeu para o restante do país.
De acordo com Fernandes,
cada operador tem de contar
com o auxílio de outro, o que
não está sendo cumprido, ao
menos em São Paulo.
A investigação apontou que o
auxiliar, em alguns casos, é um
assistente de comunicação, que
tem apenas 80 horas de treinamento -cem a menos do que
um controlador aéreo.
"Um controlador disse, em
depoimento sigiloso, que a situação é arriscada, pois a todo
momento ele tem de parar para
dar explicações ao assistente",
afirmou Fernandes.
"Outro problema é o fato de a
Aeronáutica ter anunciado que
haverá 80 controladores [extras] no Carnaval. Como formaram esse pessoal de uma hora para outra?", questionou.
Outro risco apontado pelo
Ministério Público do Trabalho
é que, em São Paulo, não estão
sendo respeitados os 15 minutos de descanso a cada duas horas de trabalho (medida sugerida pela Organização Internacional do Trabalho).
Além disso, as folgas são
constantemente cassadas.
(FÁBIO TAKAHASHI)
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