São Paulo, segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

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Guarujá já vê risco de epidemia de dengue

Casos em janeiro superaram todo o ano de 2009, segundo a prefeitura; são 130 doentes confirmados e 700 suspeitos

Bairro da Enseada, repleto de turistas, está entre os afetados; prefeitura tenta contratar médicos para aliviar lotação em postos de saúde

MÁRCIO PINHO
ENVIADO ESPECIAL AO GUARUJÁ

Após um surto de diarreia que lotou os postos de saúde e espantou parte dos turistas no início do ano, Guarujá (Baixada Santista) caminha agora para uma epidemia de dengue. Foram 130 casos confirmados só em janeiro -contra 64 durante todo o ano de 2009.
A cidade tem ainda outros 700 casos suspeitos em análise pelo Instituto Adolfo Lutz. Três são de pacientes que morreram possivelmente por complicações da doença. Os números podem ser maiores se considerado o fato de a dengue ser uma doença subnotificada -muitas pessoas nem sequer procuram um serviço de saúde.
Se confirmados os casos suspeitos, a cidade teria taxa de 269 doentes por 100 mil habitantes -perto do índice de 300 por 100 mil que o Ministério da Saúde considera epidemia.
A cidade tem 308 mil habitantes, mas sua população passa de 1 milhão na temporada de verão. Todos os bairros já tiveram casos, segundo a prefeitura. Contudo, os problemas se concentram nas favelas Maré Mansa e Sítio Conceiçãozinha. O bairro da Enseada, com grande presença de turistas, também está entre os afetados. Lá, já é difícil até encontrar repelentes nas farmácias.
"Estamos caminhando possivelmente para uma epidemia. Mas não é só o Guarujá. Está acontecendo em várias cidades do país e do Estado", afirmou Marco Antônio Barbosa dos Reis, secretário da Saúde do Guarujá. Em cidades como Ribeirão Preto, no interior, já eram 1.163 casos até sexta.
Segundo ele, é preciso que a população tome cuidados para evitar a procriação do mosquito e não deixe recipientes com água parada. Reis afirma que todos os esforços estão sendo feitos para conter o avanço da doença e minimizar os problemas do atendimento nos postos de saúde, lotados. Anteontem, a reportagem encontrou pelo menos 80 pacientes esperando -alguns havia mais de três horas -em um posto.
Para tentar contornar esse quadro, a prefeitura tenta a contratação emergencial de 61 médicos. A partir desta semana, o município vai descentralizar o atendimento -hoje concentrado em quatro postos de saúde- e ampliá-lo para mais cinco unidades do Programa Saúde da Família já existentes.
No sábado de Carnaval, agentes percorram a favela da Maré Mansa informando moradores sobre cuidados para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti. No local, encontraram pneus e garrafas na rua e recipientes com água parada.
Lá, a moradora Roseana Santos Alves, 23, relatava que apenas em sua família nove pessoas contraíram dengue. "Tem gente que não se preocupa. Abandonaram um barco na minha rua onde a água acumulou", diz. Aproximadamente 2.900 casas foram visitadas apenas entre os dias 8 e 12 de fevereiro, diz a Secretaria da Saúde. Trabalham no combate à dengue 166 agentes. Uma dificuldade é o fato de haver casas de veraneio fechadas.
A situação da dengue no Guarujá tem se tornado um problema. Em 2008, o Ministério Público Federal entrou com uma ação civil pública solicitando que o município se adequasse às orientações do Ministério da Saúde no combate à doença.


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