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Guarujá já vê risco de epidemia de dengue
Casos em janeiro superaram todo o ano de 2009, segundo a prefeitura; são 130 doentes confirmados e 700 suspeitos
Bairro da Enseada, repleto de turistas, está entre os afetados; prefeitura tenta contratar médicos para aliviar lotação em postos de saúde
MÁRCIO PINHO
ENVIADO ESPECIAL AO GUARUJÁ
Após um surto de diarreia
que lotou os postos de saúde e
espantou parte dos turistas no
início do ano, Guarujá (Baixada
Santista) caminha agora para
uma epidemia de dengue. Foram 130 casos confirmados só
em janeiro -contra 64 durante
todo o ano de 2009.
A cidade tem ainda outros
700 casos suspeitos em análise
pelo Instituto Adolfo Lutz. Três
são de pacientes que morreram
possivelmente por complicações da doença. Os números
podem ser maiores se considerado o fato de a dengue ser uma
doença subnotificada -muitas
pessoas nem sequer procuram
um serviço de saúde.
Se confirmados os casos suspeitos, a cidade teria taxa de
269 doentes por 100 mil habitantes -perto do índice de 300
por 100 mil que o Ministério da
Saúde considera epidemia.
A cidade tem 308 mil habitantes, mas sua população passa de 1 milhão na temporada de
verão. Todos os bairros já tiveram casos, segundo a prefeitura. Contudo, os problemas se
concentram nas favelas Maré
Mansa e Sítio Conceiçãozinha.
O bairro da Enseada, com grande presença de turistas, também está entre os afetados. Lá,
já é difícil até encontrar repelentes nas farmácias.
"Estamos caminhando possivelmente para uma epidemia.
Mas não é só o Guarujá. Está
acontecendo em várias cidades
do país e do Estado", afirmou
Marco Antônio Barbosa dos
Reis, secretário da Saúde do
Guarujá. Em cidades como Ribeirão Preto, no interior, já
eram 1.163 casos até sexta.
Segundo ele, é preciso que a
população tome cuidados para
evitar a procriação do mosquito
e não deixe recipientes com
água parada. Reis afirma que
todos os esforços estão sendo
feitos para conter o avanço da
doença e minimizar os problemas do atendimento nos postos de saúde, lotados. Anteontem, a reportagem encontrou
pelo menos 80 pacientes esperando -alguns havia mais de
três horas -em um posto.
Para tentar contornar esse
quadro, a prefeitura tenta a
contratação emergencial de 61
médicos. A partir desta semana, o município vai descentralizar o atendimento -hoje concentrado em quatro postos de
saúde- e ampliá-lo para mais
cinco unidades do Programa
Saúde da Família já existentes.
No sábado de Carnaval, agentes percorram a favela da Maré
Mansa informando moradores
sobre cuidados para evitar a
proliferação do mosquito Aedes aegypti. No local, encontraram pneus e garrafas na rua e
recipientes com água parada.
Lá, a moradora Roseana Santos Alves, 23, relatava que apenas em sua família nove pessoas contraíram dengue. "Tem
gente que não se preocupa.
Abandonaram um barco na minha rua onde a água acumulou", diz. Aproximadamente
2.900 casas foram visitadas
apenas entre os dias 8 e 12 de fevereiro, diz a Secretaria da Saúde. Trabalham no combate à
dengue 166 agentes. Uma dificuldade é o fato de haver casas
de veraneio fechadas.
A situação da dengue no Guarujá tem se tornado um problema. Em 2008, o Ministério Público Federal entrou com uma
ação civil pública solicitando
que o município se adequasse
às orientações do Ministério da
Saúde no combate à doença.
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