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CARNAVAL
Campeã de 97 deixou de ser "pequena' para se tornar uma das mais ricas e temidas escolas de samba do Rio
Viradouro é favorita ao título carioca
MÁRIO MOREIRA
da Sucursal do Rio
Campeã de 97
e favorita ao título do Carnaval carioca deste
ano, a Unidos
do Viradouro
tenta se firmar
como a "nova
Beija-Flor". Assim como a escola
de Nilópolis nos anos 70, a niteroiense Viradouro rompeu o domínio das agremiações cariocas,
deixando o estigma de "pequena"
para se transformar em uma das
mais ricas e temidas.
Como a Beija-Flor, a Viradouro
chegou ao primeiro título escorada na criatividade do carnavalesco
Joãosinho Trinta e no poder econômico de um bicheiro, José Carlos Monassa. Na Beija-Flor, o patrono é Aniz Abrahão David.
O próprio Monassa -que, embora não tenha cargo oficial na escola, é tratado por todos como
"residente"- assume o favoritismo da Viradouro, mesmo evitando a palavra "bicampeonato".
"Assumimos a responsabilidade
do favoritismo. Quem quiser ganhar o Carnaval vai ter que ganhar
da Viradouro", afirma.
Para Joãosinho Trinta, a escola
niteroiense "já repetiu" a trajetória da Beija-Flor. "Niterói sempre
foi alvo de preconceito dos cariocas, mas a Viradouro já está entre
as grandes do Carnaval."
A Viradouro está gastando este
ano R$ 2 milhões para mostrar na
avenida o enredo "Orfeu, o Negro
do Carnaval", baseado no mito do
deus grego da música.
O desfile acontecerá no momento em que o cineasta Cacá Diegues
começa a rodar seu novo filme,
"Orfeu", refilmagem do clássico
francês "Orfeu da Conceição", de
Marcel Camus.
Diegues vai aproveitar imagens
do desfile da Viradouro, já que,
tanto no enredo quanto no roteiro
do filme, o mito de Orfeu é adaptado à realidade de uma favela.
No desfile, Orfeu será o compositor da escola de samba de um
morro do Rio que apresentará, como enredo, a história do Carnaval.
A cada setor da Viradouro, serão
apresentados, ao mesmo tempo, a
evolução do Carnaval, o mito grego e sua adaptação carioca.
Apesar da expectativa, Joãosinho diz que não se preocupa com
comparações com "Trevas! Luz! A
Explosão do Universo", o vitorioso enredo do ano passado.
Ele afirma não estar preparando
nenhuma surpresa especial. "A
surpresa, quando acontece, vem
do tratamento dado ao enredo.
Não faço surpresa pela surpresa."
Em 97, Joãosinho inovou com o
abre-alas e a primeira ala da escola
inteiramente pretos, representando as trevas que, no enredo, precediam o surgimento do universo.
Na versão do carnavalesco, Eurídice, a mulher amada por Orfeu,
morre atingida por uma bala perdida -problema que afeta o Rio.
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