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Santos Dumont não gostava de 13 nem de 8
ANNA LEE
da Sucursal do Rio
Para Jorge Henrique Dumont
Dodsworth, 71, sobrinho-neto de
Santos Dumont, " é curioso" que
o aeroporto Santos Dumont tenha
pegado fogo numa sexta-feira 13
de 1998. "O tio Alberto iria com
certeza achar que o dia era de
azar."
De toda forma, lembrou que o
azar não foi tanto, uma vez que o
painel com o retrato de Santos
Dumont ficou intacto.
A Encantada, a casa de Santos
Dumont, na rua do Encanto, em
Petrópolis (RJ), é a maior prova de
que ele era um homem supersticioso.
Lá, a escada da porta de entrada
foi construída de forma que no
primeiro degrau só é possível pisar
com o pé direito. A escada que leva
ao jirau onde Santos Dumont dormia também termina de maneira
que a pessoa é obrigada a pisar
primeiro com o pé direito.
"As histórias sobre o tio Alberto
que são comentadas na família
realmente confirmam a fama de
supersticioso que ele tinha."
Ele disse que "era muito pequeno" quando o tio morreu (tinha
seis anos em 1932), mas que se
lembra bem de Santos Dumont,
porque sempre que estava no Rio,
ele se hospedava na casa de seu
pai.
Dodsworth é neto de Henrique
Dumont, irmão mais velho de
Santos Dumont.
"Das superstições que tinha, me
recordo que ele jamais colocava
chapéu em cima da cama, e ficava
aborrecido se alguém o fizesse."
O número oito também foi alvo
da superstição de Santos Dumont.
"Ele achava que dava azar", disse
Dodsworth.
Não é a toa que na sua série de
máquinas voadoras pulou do dirigível sete para o dirigível nove. De
todos os acidentes que sofreu durante as experimentações de suas
engenhocas voadoras, o mais grave foi justo em 1898, em Paris.
De tanta superstição, Santos Dumont acabou ganhando fama de
azarento no mundo da aviação.
Conta-se que entre os profissionais da área é costume bater três
vezes na madeira sempre que o
nome dele é pronunciado.
Também é parte do arsenal de
histórias sobre o pai da aviação a
que, durante a construção do prédio do aeroporto Santos Dumont,
os arquitetos do projeto nunca ousaram colocar as iniciais SD nas
plantas, preferiam as AD, que não
significava nada, mas servia como
medida de prevenção contra a má
sorte.
"Ele era um homem que, mesmo
desafiando o ar com seus inventos, parecia temer os mistérios do
céu", disse Dodsworth, lembrando que o tio passava horas no terraço da casa em Petrópolis observando as estrelas com sua luneta.
"Aposto que ele nunca as apontava, todo mundo sabe que dá azar
e faz nascer verrugas na ponta do
dedo. Não seria ele que desafiaria
essa crendice popular". disse
Dodsworth.
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