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Juiz é solto após pagar resgate em Alagoas
Presidente da Associação dos Magistrados do Estado, seqüestrado no domingo, foi solto após pagamento de resgate de R$ 10 mil
O ministro Márcio Thomaz Bastos determinou a criação de um Gabinete de Gestão Integrada para combater a criminalidade no Estado
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ
Depois de passar 55 horas em
poder de seqüestradores, o juiz
Paulo Zacarias da Silva, 52, presidente da Almagis (Associação
dos Magistrados de Alagoas),
foi libertado na madrugada de
ontem, após pagamento de resgate de R$ 10 mil.
Em entrevista ontem à tarde,
o magistrado disse que a ação
dos criminosos não teve motivação política e que, segundo
conversas que teve com os bandidos, eles não sabiam que haviam seqüestrado um juiz.
"O líder dos seqüestradores
disse: "Se soubesse que o senhor era juiz, não teria pego o
senhor". Mas que [a ação] não ia
ficar de graça", disse Zacarias
da Silva. Para o juiz, os bandidos foram atraídos pelo carro
dele (um Corolla).
O secretário de Defesa Social
do Estado (responsável pela segurança pública), general Edson Sá Rocha, politizou o seqüestro e disse que, na opinião
dele, a ação teve como objetivo
desestabilizar o governo de
Teotonio Vilela Filho (PSDB).
Até o início da noite de ontem, três pessoas haviam sido
presas suspeitas de participar
do seqüestro. Entre elas, duas
mulheres que teriam ajudado
na logística da ação.
O juiz contou que foi abordado por três homens armados
quando estacionava seu carro
em frente a uma igreja evangélica, na noite de domingo. Ele
foi colocado dentro do carro
com a cabeça coberta.
O carro trafegou pelas ruas
de Maceió em alta velocidade e
chegou a atropelar um motociclista. O juiz foi levado a um cativeiro dentro de uma mata fechada, próxima a um canavial,
no município de Satuba, região
metropolitana de Maceió.
O juiz ficou abrigado numa
barraca de camping. O carro do
magistrado foi queimado e encontrado na madrugada de segunda, em Coqueiro Seco (AL).
Zacarias disse que passou a
negociar diretamente com o líder da quadrilha o pagamento
de seu resgate depois que o seqüestrador disse que a família
não estava disposta a pagar. O
criminoso exigiu R$ 500 mil.
Ele ofereceu R$ 30 mil e subiu
depois para R$ 50 mil.
Paralelamente, os seqüestradores negociavam com a família o pagamento do resgate, o
que foi feito na noite de anteontem. Na madrugada de ontem,
depois de andar por mais de
uma hora e meia dentro da mata, o juiz foi deixado encapuzado em um canavial.
Por volta das 3h, ele percebeu
que havia sido abandonado, tirou o capuz e começou a andar
até encontrar uma van, que o
levou para Maceió.
Segundo informações da Almagis, além do seqüestro do
presidente da associação, outros três parentes próximos de
magistrados foram seqüestrados no período de um mês.
Reforço
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, determinou a criação de um Gabinete
de Gestão Integrada, composto
por forças federais e estaduais
em Alagoas para combater a
criminalidade no Estado.
A informação foi divulgada
na manhã pelo governador do
Estado, Teotonio Vilela Filho
(PSDB). O ministério enviou
dois efetivos da PF para Alagoas anteontem -o Comando
de Operações Táticas, de ação
ostensiva, e um outro grupo de
inteligência policial.
O GGI se reunirá pela primeira vez na segunda-feira e
decidirá se há necessidade de
usar a Força Nacional.
"Manual da Redação"
A Folha acompanhou o seqüestro do juiz, mas não o divulgou a pedido da família. Segundo o "Manual da Redação"
do jornal, "em regra, a Folha
publica tudo o que sabe. Mas
pode decidir omitir informação
cuja divulgação coloque em risco a segurança pública, de pessoa ou de empresa". A Folha só
divulga seqüestro em andamento se houver consentimento da família do seqüestrado.
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