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depoimento
Menina diz ter sido amarrada e humilhada
ENVIADA ESPECIAL A CATANDUVA
M. é mãe de A., 9 anos, e de
mais três filhos, um deles recém-nascido. A mulher franzina está desempregada e sofre de depressão, que, afirma,
piorou depois que se revelou
o que acontecia na casa do
borracheiro (distante menos
de 300 metros da sua). Na última quinta-feira, o colo da
mulher estava cheio de bolhas. Tinha-se queimado
com óleo fervente.
A família vive em casa de
um cômodo sem reboco, como todas naquela rua de terra. O marido pedreiro é
quem sustenta a todos. Ganha cerca de R$ 500 mensais. "As crianças são assunto
só meu", diz M.
A menina A. é uma das que
faz relatos mais dramáticos
de abusos. Por exemplo, de
que foi amarrada e submetida a humilhações variadas
pelo vizinho. Em pelo menos
uma oportunidade, ele sequestrou A. e uma amiguinha da mesma idade, levando-as a um terreno isolado.
A. tem os dentes estragados, mas não se encaixa no
estereótipo do caipira sonolento, cheio de vermes. É viva e cheia de sonhos. Quer
mudar-se para São Paulo.
Ela não gosta de falar sobre
o que viveu na casa do borracheiro. Fica tímida, sai, volta,
puxa outro assunto. Então,
chega a "tia", vizinha alcoólatra, copo de aguardente na
mão, pedindo um maço de
ervas para combater a ressaca. "Leva a menina, leva", ela
pede à reportagem. Diz que
A. é uma menina marcada.
Que nunca mais será nada
ali. A. foge correndo.
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