São Paulo, domingo, 15 de março de 2009

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depoimento

Menina diz ter sido amarrada e humilhada

ENVIADA ESPECIAL A CATANDUVA

M. é mãe de A., 9 anos, e de mais três filhos, um deles recém-nascido. A mulher franzina está desempregada e sofre de depressão, que, afirma, piorou depois que se revelou o que acontecia na casa do borracheiro (distante menos de 300 metros da sua). Na última quinta-feira, o colo da mulher estava cheio de bolhas. Tinha-se queimado com óleo fervente.
A família vive em casa de um cômodo sem reboco, como todas naquela rua de terra. O marido pedreiro é quem sustenta a todos. Ganha cerca de R$ 500 mensais. "As crianças são assunto só meu", diz M.
A menina A. é uma das que faz relatos mais dramáticos de abusos. Por exemplo, de que foi amarrada e submetida a humilhações variadas pelo vizinho. Em pelo menos uma oportunidade, ele sequestrou A. e uma amiguinha da mesma idade, levando-as a um terreno isolado.
A. tem os dentes estragados, mas não se encaixa no estereótipo do caipira sonolento, cheio de vermes. É viva e cheia de sonhos. Quer mudar-se para São Paulo.
Ela não gosta de falar sobre o que viveu na casa do borracheiro. Fica tímida, sai, volta, puxa outro assunto. Então, chega a "tia", vizinha alcoólatra, copo de aguardente na mão, pedindo um maço de ervas para combater a ressaca. "Leva a menina, leva", ela pede à reportagem. Diz que A. é uma menina marcada. Que nunca mais será nada ali. A. foge correndo.


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