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Policiais são acusados de agressão e de extorsão
DA SUCURSAL DO RIO
Os policiais militares que participam da ocupação na Rocinha
estão sendo acusados por moradores de praticarem agressões,
extorsões e de invadirem casas
sem autorização.
A corporação nega irregularidades na conduta dos soldados.
As supostas extorsões teriam sido impostas a motoqueiros que
trabalham no serviço de mototáxi
na favela. Segundo um deles, que
não quis se identificar, os policiais
cobram propinas de R$ 3 a R$ 5.
Quem não paga ficaria impedido de transportar pessoas pelo
morro e ainda correria o risco de
ter o pneu da moto cortado pelos
policiais, de acordo com a denúncia do motoqueiro.
O motoqueiro Antônio Francisco de Lima, 22, que também presta serviços a uma cooperativa de
mototáxi, afirmou ter sido levado
para um beco na favela por PMs
do Bope (Batalhão de Operações
Especiais), onde teria sofrido
agressões e ameaças de morte.
Ele disse que os policias o forçaram a dizer os locais onde poderiam estar escondidos traficantes
e armas. "Eles me enforcaram e
disseram que me matariam com
uma faca", declarou.
O estudante Davi Souza Carvalho, 17, afirmou que estava na rua
quando policiais do Bope chegaram e começaram a agredi-lo.
"Os policiais me bateram com a
pistola no peito, na cabeça. Ainda
me deram uma banda [rasteira]",
afirmou o estudante, que tinha ferimentos pelo corpo.
Fuga
Por medo da guerra provocada
pelo tráfico, a doceira Renata
Queiroz Freire, 23, deixou a Rocinha na manhã de anteontem e se
mudou para a casa da mãe, em
Irajá (zona norte).
Logo quando chegou a Irajá, ela
recebeu o telefonema de vizinhos
que lhe disseram que a PM tinha
invadido a sua casa e levado os
seus pertences.
Quando chegou ao local na tarde de ontem, encontrou o imóvel
completamente revirado e sem
seus aparelhos de DVD e videocassete. "Levaram tudo de dentro
da minha casa. A polícia está aqui
para me proteger e fica aqui me
roubando", disse ela.
O motoboy Cristiano Martins,
29, afirmou que o Bope invadiu a
sua casa pela manhã e quebrou a
bomba de água.
Segundo o presidente da União
Pró-Melhoramentos da Rocinha,
William de Oliveira, pelo menos
30 famílias deixaram a favela desde sexta-feira por medo de novos
tiroteios e da truculência policial.
Outro lado
O comandante do 23º Batalhão,
tenente-coronel Jorge Braga, disse que a polícia só está entrando
nas casas se tiver a autorização
dos moradores.
Quanto às acusações de invasão
e agressão, ele disse que as pessoas devem procurar a polícia para registrar queixa.
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