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Realidade fomenta a violência
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
Palco da guerra do tráfico que
assusta o Rio desde sexta-feira, a
favela da Rocinha (zona sul) tem
uma das menores taxa de escolaridade do Rio (seis anos de estudo), sua população é marcadamente composta por jovens e registra uma taxa de desemprego de
17,18% -ingredientes necessários para fomentar a violência.
Os dados estão no "Mapa da Fome 2", que foi organizado pelo
economista Marcelo Neri e será
divulgado hoje pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). "O pior da Rocinha não é a pobreza, mas a desigualdade. Ela está cercada pelas
regiões mais ricas da cidade", afirma Neri.
A idade média dos habitantes é
de 33 anos. Enquanto a renda média mensal na favela é de apenas
R$ 434, na Lagoa, é de R$ 2.766.
"Estamos diante de um exemplo
clássico de "Belíndia", a mistura da
Bélgica com a Índia."
O estudo mostra que 22% dos
moradores da Rocinha são miseráveis -para a FGV, aqueles que
não ganham o suficiente para
consumir 2.280 calorias diárias
recomendas pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Estão
nestas condições, segundo Neri,
pessoas que têm renda mensal
menor que R$ 79 no Rio.
Para retirar todos os miseráveis
da linha da pobreza, seria necessário que os demais moradores da
favela lhes repassassem, mensalmente, R$ 13, segundo o Mapa da
Fome 2.
O trabalho mostra ainda que,
como em outras favelas da cidade,
os moradores da Rocinha trabalham mais horas por semana e ganham menos por hora trabalhada
do que os moradores de bairros
de classe média da cidade.
Na favela, a jornada de trabalho
por semana é de 46 horas. O salário por hora trabalhada é de apenas R$ 2,14. Na Lagoa, por exemplo, a jornada de trabalho é de 41
horas por semana, mas o salário
por hora é de R$ 15,18.
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