São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2004

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Realidade fomenta a violência

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

Palco da guerra do tráfico que assusta o Rio desde sexta-feira, a favela da Rocinha (zona sul) tem uma das menores taxa de escolaridade do Rio (seis anos de estudo), sua população é marcadamente composta por jovens e registra uma taxa de desemprego de 17,18% -ingredientes necessários para fomentar a violência.
Os dados estão no "Mapa da Fome 2", que foi organizado pelo economista Marcelo Neri e será divulgado hoje pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). "O pior da Rocinha não é a pobreza, mas a desigualdade. Ela está cercada pelas regiões mais ricas da cidade", afirma Neri.
A idade média dos habitantes é de 33 anos. Enquanto a renda média mensal na favela é de apenas R$ 434, na Lagoa, é de R$ 2.766. "Estamos diante de um exemplo clássico de "Belíndia", a mistura da Bélgica com a Índia."
O estudo mostra que 22% dos moradores da Rocinha são miseráveis -para a FGV, aqueles que não ganham o suficiente para consumir 2.280 calorias diárias recomendas pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Estão nestas condições, segundo Neri, pessoas que têm renda mensal menor que R$ 79 no Rio.
Para retirar todos os miseráveis da linha da pobreza, seria necessário que os demais moradores da favela lhes repassassem, mensalmente, R$ 13, segundo o Mapa da Fome 2.
O trabalho mostra ainda que, como em outras favelas da cidade, os moradores da Rocinha trabalham mais horas por semana e ganham menos por hora trabalhada do que os moradores de bairros de classe média da cidade.
Na favela, a jornada de trabalho por semana é de 46 horas. O salário por hora trabalhada é de apenas R$ 2,14. Na Lagoa, por exemplo, a jornada de trabalho é de 41 horas por semana, mas o salário por hora é de R$ 15,18.


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