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SAÚDE
Governo concluiu processo de consulta à sociedade civil sobre o assunto; a previsão é que a venda comece em 45 dias
Regra para remédio avulso sai no fim do mês
DA REPORTAGEM LOCAL
As regras para o fracionamento
de remédios não deverão sofrer
"mudanças de conteúdo", afirmou ontem Dirceu Raposo, um
dos diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. O órgão terminou um processo de consulta à sociedade civil
sobre o assunto e até o final do
mês deverá definir a regulamentação sobre o assunto.
A partir daí, a previsão é que em
45 dias comece o processo de venda unitária das drogas em algumas farmácias -no período será
necessário fazer campanha de esclarecimento e cadastrar estabelecimentos, afirmou Raposo.
A única novidade que a Anvisa
poderá incorporar é, inicialmente, permitir que os laboratórios
utilizem como unidade fracionada a menor unidade que já colocam à venda -por exemplo, uma
cartela de dois comprimidos-, e
não necessariamente um comprimido avulso, o que significaria,
para algumas empresas, mudanças de maquinário.
Um decreto presidencial liberou em fevereiro deste ano o fracionamento de todos os tipos de
remédio para diminuir os custos
para o consumidor, o desperdício
e a automedicação. A regra diz
que eles deverão vir em embalagens específicas para as unidades
-por exemplo, os comprimidos
deverão sair da fábrica em invólucros individuais, que poderão ser
destacados de uma cartela. O farmacêutico será responsável por
acondicioná-los em embalagem
secundária, com mais informações, como a posologia do remédio. Atrás de cada comprimido
deverão vir dados como nome, lote e validade do produto.
Nenhuma indústria ou farmácia é obrigada ainda a aderir ao
fracionamento, apoiado por entidades médicas e de defesa do consumidor.
De acordo com Raposo, da Anvisa, o governo poderá, eventualmente, rever a adesão voluntária
em caso de baixo interesse dos laboratórios e farmácias.
Raposo diz que espera um processo semelhante ao que aconteceu com os medicamentos genéricos, em que a pressão da demanda levou o varejo a aderir.
Ontem, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor)
divulgou nota em que reafirma o
apoio à proposta. "Receitar na
exata medida da necessidade clínica do paciente consiste em uma
mudança de paradigma: o foco
passa a ser o tratamento."
Uma pesquisa realizada para o
Ministério da Saúde pelo instituto
de pesquisa MQI, por telefone,
com 1.406 pessoas de 276 municípios mostrou que 86% apoiavam
a venda fracionada.
Os entrevistados eram maiores
de 16 anos, e a margem de erro foi
de três pontos percentuais, para
mais ou para menos.
A maior aprovação foi registrada entre as famílias que ganham
entre um e dois salários mínimos,
de 88%. O estudo tem limitações
por ter sido feito por telefone
-não pode ser considerado representativo para a população
brasileira.
Além de alertar sobre um suposto maior risco de falsificação, a
Febrafarma (Federação Brasileira
da Indústria Farmacêutica) tem
se concentrado na venda fracionada de remédios de uso continuado, como anti-hipertensivos e
anticoncepcionais.
"O fracionamento de tais medicamentos pode promover o consumo de doses insuficientes, acarretando riscos elevados à saúde
do usuário", afirma nota divulgada pela federação.
A entidade ainda não tinha ontem um balanço sobre as indústrias interessadas em aderir ao
fracionamento e só deve se manifestar hoje. Segundo a federação,
o debate deveria ter sido mais
aprofundado, principalmente por
causa da necessidade de uma fiscalização sanitária e de um calendário factível para a implantação.
A entidade defende ainda que,
para garantir o rastreamento do
medicamento, a farmácia deva
adotar os mesmos procedimentos
da indústria, como manter os dados comerciais e fiscais disponíveis por prazo de três a seis anos.
(FABIANE LEITE)
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