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JUVENTUDE ENCARCERADA
Decisão foi tomada após a constatação que 60 jovens em Tupi Paulista sofreram maus-tratos
Febem põe câmera em cadeia após agressão
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário de Estado da Justiça e presidente da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do
Menor), Alexandre de Moraes,
decidiu colocar câmeras de vídeo
em todas as unidades da Penitenciária de Tupi Paulista após constatar que alguns jovens da Febem
internados no local apresentavam
escoriações.
O objetivo das câmeras é "garantir a integridade física de internos e funcionários". Nesta semana, entidades denunciaram que
os adolescentes sofreram agressões no domingo à noite e exames
de corpo de delito confirmaram
lesões recentes em 60 internos.
Os jovens começaram a ser
transferidos para Tupi Paulista
(663 km da capital) no dia 18 de
março e ficarão no local até que
novas unidades sejam concluídas.
Há 533 internos na cidade.
Moraes visitou o presídio ontem e conversou, reservadamente, com vários jovens. Ouviu deles
relatos de agressões e maus-tratos
feitos por funcionários. Segundo
nota divulgada pela Febem, o secretário "se colocou à disposição
para colaborar com a apuração
rápida e precisa dos fatos". A nota
diz ainda que os internos afirmaram "que não tinham condições
de identificar os agressores".
Outra medida tomada pelo secretário ontem foi determinar a
substituição dos colchões oferecidos aos adolescentes. Eles serão
trocados por colchões que "seguem o padrão utilizado nas demais unidades".
Já existe um inquérito policial e
procedimentos na corregedoria
do presídio e na Promotoria de
Justiça para apurar as agressões.
O corregedor-geral da Febem,
Alexandre Perroni, estava na penitenciária no dia em que houve a
suposta agressão. Segundo ele, os
internos que ouviu não informaram que foram agredidos.
Os funcionários que cuidam da
segurança no presídio são agentes
penitenciários ligados à Secretaria
da Administração Penitenciária.
De acordo com a secretaria, havia 11 agentes de plantão no domingo -oito dentro da unidade
e três na parte externa. A pasta
afirmou que também irá apurar o
que aconteceu e que Moraes tem
autonomia para determinar a colocação de câmeras -porque o
presídio foi cedido emergencialmente para a Febem.
O Conanda (Conselho Nacional
dos Direitos da Criança e do Adolescente) enviou ontem ofício à
procuradora federal dos Direitos
do Cidadão, Ella de Castilho, pedindo que seja solicitada a suspensão da transferência de internos para o presídio e que os já
transferidos voltem a cumprir a
medida em unidades exclusivas
para eles.
(AFRA BALAZINA)
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