São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 2005

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Perícia irá confrontar 6 pistolas de PMs com balas usadas em chacina

DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Federal entregou ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli, da Polícia Civil, seis pistolas calibre 380 que podem ter sido usadas na matança de 29 pessoas ocorrida no último dia 31 em Nova Iguaçu e Queimados (municípios na Baixada Fluminense).
As armas foram apreendidas com parte dos 11 policiais militares que estão presos sob a acusação de envolvimento na chacina.
Os policiais federais e civis que investigam o caso estão otimistas em relação à perícia que desde ontem vem sendo feita nas armas, de uso particular de policiais.
O diretor do Departamento de Polícia Técnica e Científica da Polícia Civil, Roger Ancillotti, disse que espera ter sucesso nos confrontos balísticos das pistolas com os cartuchos encontrados nos locais da chacina e nas balas retiradas dos cadáveres.
"Essas pistolas foram apreendidas com os policiais presos. Eram armas pessoais deles. Acho que há mais chances de eles terem usados essas pistolas do que as fornecidas pela Polícia Militar, que são calibre ponto 40. Imagino que ninguém usaria a arma funcional para fazer um negócio desses."
A identificação das armas usadas na chacina reforçaria a acusação contra os policiais suspeitos.
Até agora, contra eles, os investigadores têm os reconhecimentos feitos por testemunhas e a localização de um Gol usado pelos matadores. O carro estava cedido ao soldado Carlos Jorge Carvalho, um dos presos.
O instituto examina ainda outras 71 pistolas, uma escopeta calibre 12 e um revólver calibre 38 desde o início da apuração.
Dois inquéritos foram abertos para investigar a matança -um pela Polícia Civil; outro pela PF, por determinação do ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos.
Caso fique comprovada a atuação de PMs, o governo estadual deverá enviar à Assembléia Legislativa, em até duas semanas, o projeto de lei que concederá indenização às famílias das 29 vítimas, disse ontem o subsecretário de Direitos Humanos, Paulo Bahia.
"Montamos um plantão permanente no Centro de Direitos Humanos da Arquidiocese de Nova Iguaçu para atender as famílias das vítimas da chacina. Até o final do plantão da última quarta, 24 famílias já tinham se cadastrado."
Bahia disse que espera concluir hoje o cadastro de todas as 29 famílias. Segundo ele, a governadora Rosinha Matheus (PMDB) só enviará o projeto de lei à Assembléia caso o inquérito da Polícia Civil aponte a participação dos policiais. (ST)


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