ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO

O sucateamento dos equipamentos do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) e o calor atípico deste mês ameaçam deixar até 125 mil pessoas sem fornecimento de água nos próximos dias. A cidade, localizada a 314 km de São Paulo, tem 500 mil habitantes.
O risco existe porque, segundo o próprio Daerp, entre 20 e 25 poços de captação de água, dos 99 existentes, estão funcionando no limite e de maneira improvisada, podendo entrar em pane a qualquer momento.
Toda a água que abastece a cidade é retirada de poços -Ribeirão faz parte da área do aqüífero Guarani, o maior manancial de água doce subterrânea do mundo, com 1,2 milhão de km2 de extensão.
O superintendente do Daerp, Darvin José Alves, alega que as altas temperaturas deste mês elevaram o consumo de água e sobrecarregaram os equipamentos, principalmente os 25 que já funcionam de maneira improvisada -por falta de recursos para conserto das bombas, foram instalados equipamentos com capacidade inferior à necessária.
"Faz 30 anos que não temos um abril com tanto calor como o deste ano", afirmou Alves.
Na última quarta, a Folha revelou que nos primeiros dez dias deste mês a temperatura ficou acima da média histórica dos últimos 30 anos para abril, entre 33C e 34C, contra uma média entre 29C e 30C, dos anos anteriores, segundo o Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), órgão do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Ontem, parte da população de 12 bairros das zonas sul e oeste de Ribeirão já sofria com a falta de água.
A previsão de Alves é que os problemas sejam resolvidos em dez dias.
"Consideramos a falta de abastecimento parcial, já que falta água durante o dia, mas à noite volta ao normal. Incomoda? Incomoda, não queremos justificar, mas estamos trabalhando para resolver isso."