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RIO
Segundo levantamento, em três anos, os chamados "crimes contra a pessoa" subiram 46,57% em Búzis e 30,41% em Parati
Violência aumenta em cidades turísticas
SERGIO COSTA
DA SUCURSAL DO RIO
Em três anos, os chamados "crimes contra a pessoa" cresceram
46,57% em Búzios (a 190 km do
Rio) e 30,41% em Parati (a 237
km). O "Perfil dos Municípios
Fluminenses", levantamento dos
índices de violência em todo o Estado, concluído nesta semana pelo Instituto de Segurança Pública,
registra o aumento da violência
nos balneários do Rio preferidos
por paulistas e cariocas para feriados, férias e fins de semana.
Os homicídios dolosos (com intenção de matar) em Búzios passaram de 15 em 2002 para 33 em
2004, um crescimento de 120%,
mostra o levantamento do ISP.
Búzios tem cerca de 23 mil habitantes, que podem quintuplicar
num feriado. A cidade, onde funciona uma delegacia, a 127ª, com
30 homens, é área de atuação do
25º Batalhão da Polícia Militar
(Cabo Frio), com efetivo de 687. O
índice de lesões corporais dolosas
cresceram 21% nos três anos do
levantamento do ISP, passando
de 274 para 333.
No mesmo período, em Parati,
os furtos deram um salto de 233
em 2002 para 475 em 2004. A cidade tem uma delegacia, a 167ª,
com 17 homens e está sob jurisdição do batalhão de Angra, que
tem 484. Na cidade, muito procurada por turistas de São Paulo, os
furtos de veículos cresceram
175%, e as apreensões de armas
aumentaram em 29,41%.
Outros locais de veraneio, como
Angra dos Reis (a 150 km do Rio),
Araruama (a 115 km) e Saquarema (a 100 km) acompanham esta
tendência de aumento da criminalidade, explicada pela diretora-presidente do ISP, a antropóloga
Ana Paula Mendes de Miranda,
pela "lei da oferta e da procura".
"Costumam criticar quando digo isso, mas boa parte das pessoas
que procuram esses locais para
passar o tempo livre está disposta
às transgressões. O aumento da
criminalidade nesses municípios
deve-se à migração do tráfico para atender à demanda do consumo e às conseqüências dos problemas que isso acarreta."
O tráfico, segundo a diretora-presidente do ISP, costuma ser
responsável por pelo menos 50%
dos homicídios nas cidades.
O trabalho do instituto mostra
dados estatísticos de 2002, 2003 e
2004, com números de ocorrências fechados e aditados- se uma
pessoa foi vítima de uma tentativa
de homicídio, assim registrada, e
morreu algum tempo depois, o
registro precisou ser alterado para
a pesquisa. Os dados do último
ano ainda não foram aditados.
O levantamento, um retrato da
segurança pública nos 92 municípios do Estado, tem o objetivo de
servir de base para o planejamento de ações específicas do Estado
para conter a violência e a criminalidade de acordo com as especificidades de cada lugar.
Em Cabo Frio, na Região dos
Lagos, que adota conselho comunitário para ajudar a implementar
política de segurança, alguns índices estão em queda. Os conselhos
juntam representantes locais com
forças policiais para traçar a estratégia de ação a partir das informações disponíveis. "Nem sempre o
que é feito no Rio, por exemplo,
pode ser aplicado num lugar como Friburgo onde, apesar da criminalidade ter crescido, os moradores rejeitam a presença de policiais ostensivamente armados. É
preciso ter um diagnóstico do
problema para planejar a forma
mais adequada de reduzir seus
efeitos", diz Miranda.
O ISP é uma autarquia vinculada à Secretaria de Segurança do
Rio responsável por coletar, analisar e divulgar mensalmente os índices de criminalidade no Estado.
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