São Paulo, sábado, 15 de abril de 2006

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RIO

Segundo levantamento, em três anos, os chamados "crimes contra a pessoa" subiram 46,57% em Búzis e 30,41% em Parati

Violência aumenta em cidades turísticas

SERGIO COSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Em três anos, os chamados "crimes contra a pessoa" cresceram 46,57% em Búzios (a 190 km do Rio) e 30,41% em Parati (a 237 km). O "Perfil dos Municípios Fluminenses", levantamento dos índices de violência em todo o Estado, concluído nesta semana pelo Instituto de Segurança Pública, registra o aumento da violência nos balneários do Rio preferidos por paulistas e cariocas para feriados, férias e fins de semana.
Os homicídios dolosos (com intenção de matar) em Búzios passaram de 15 em 2002 para 33 em 2004, um crescimento de 120%, mostra o levantamento do ISP. Búzios tem cerca de 23 mil habitantes, que podem quintuplicar num feriado. A cidade, onde funciona uma delegacia, a 127ª, com 30 homens, é área de atuação do 25º Batalhão da Polícia Militar (Cabo Frio), com efetivo de 687. O índice de lesões corporais dolosas cresceram 21% nos três anos do levantamento do ISP, passando de 274 para 333.
No mesmo período, em Parati, os furtos deram um salto de 233 em 2002 para 475 em 2004. A cidade tem uma delegacia, a 167ª, com 17 homens e está sob jurisdição do batalhão de Angra, que tem 484. Na cidade, muito procurada por turistas de São Paulo, os furtos de veículos cresceram 175%, e as apreensões de armas aumentaram em 29,41%.
Outros locais de veraneio, como Angra dos Reis (a 150 km do Rio), Araruama (a 115 km) e Saquarema (a 100 km) acompanham esta tendência de aumento da criminalidade, explicada pela diretora-presidente do ISP, a antropóloga Ana Paula Mendes de Miranda, pela "lei da oferta e da procura".
"Costumam criticar quando digo isso, mas boa parte das pessoas que procuram esses locais para passar o tempo livre está disposta às transgressões. O aumento da criminalidade nesses municípios deve-se à migração do tráfico para atender à demanda do consumo e às conseqüências dos problemas que isso acarreta."
O tráfico, segundo a diretora-presidente do ISP, costuma ser responsável por pelo menos 50% dos homicídios nas cidades.
O trabalho do instituto mostra dados estatísticos de 2002, 2003 e 2004, com números de ocorrências fechados e aditados- se uma pessoa foi vítima de uma tentativa de homicídio, assim registrada, e morreu algum tempo depois, o registro precisou ser alterado para a pesquisa. Os dados do último ano ainda não foram aditados.
O levantamento, um retrato da segurança pública nos 92 municípios do Estado, tem o objetivo de servir de base para o planejamento de ações específicas do Estado para conter a violência e a criminalidade de acordo com as especificidades de cada lugar.
Em Cabo Frio, na Região dos Lagos, que adota conselho comunitário para ajudar a implementar política de segurança, alguns índices estão em queda. Os conselhos juntam representantes locais com forças policiais para traçar a estratégia de ação a partir das informações disponíveis. "Nem sempre o que é feito no Rio, por exemplo, pode ser aplicado num lugar como Friburgo onde, apesar da criminalidade ter crescido, os moradores rejeitam a presença de policiais ostensivamente armados. É preciso ter um diagnóstico do problema para planejar a forma mais adequada de reduzir seus efeitos", diz Miranda.
O ISP é uma autarquia vinculada à Secretaria de Segurança do Rio responsável por coletar, analisar e divulgar mensalmente os índices de criminalidade no Estado.


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