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SEQUESTRO DE DINIZ 1
Eles terão direito ao benefício quando chegarem ao país porque já cumpriram quase um terço da pena
Canadá deve libertar sequestradores
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
Os dois sequestradores canadenses do empresário Abílio Diniz poderão ganhar liberdade condicional assim que forem transferidos
para o Canadá. eles estão presos
no Brasil há oito anos e três meses
de prisão.
Segundo o governo canadense,
Christine Lamont e David Spencer
terão direito à liberdade condicional porque já cumpriram parte da
pena de 28 anos a que foram condenados e apresentam bom comportamento.
O governo canadense advertiu
ontem os presos para que suspendam a greve de fome iniciada anteontem, porque o comportamento do casal poderá comprometer
as complicadas negociações para a
sua transferência.
O acordo entre os dois países
ainda aguardava, ontem à noite, a
assinatura do presidente Fernando Henrique Cardoso. Ao contrário do que o governo havia divulgado anteontem, a assinatura do
tratado não foi publicada no "Diário Oficial" da União.
Os presos estão em greve de fome porque preferem ser expulsos
do país -uma alternativa que lhes
garantiria liberdade automática,
sem necessidade de entrar com o
pedido de progressão da pena para
o regime semi-aberto. Eles só ficariam impedidos de voltar ao Brasil, mas não teriam de cumprir o
resto da sentença.
A possibilidade de expulsão do
país já foi descartada pelo governo
brasileiro para os sequestradores
de Abílio Diniz. A tradição brasileira é expulsar apenas os estrangeiros que já cumpriram pena ou
são doentes terminais de Aids.
O governo canadense não endossa o pedido de expulsão feito
pelos sequestradores e discorda da
alegação de que Lamont e Spencer
sejam prisioneiros políticos.
Diferentemente do governo do
Chile, que defende a expulsão dos
cinco chilenos presos pelo sequestro, o governo do Canadá comemorou a possibilidade de transferência dos sequestradores.
O acordo de transferência vem
sendo negociado desde o início
desta década. Ele foi colocado no
papel pelos governos do Brasil e
do Canadá em julho de 1992 e
aprovado pelo Congresso Nacional em agosto do ano seguinte.
Desde o governo Itamar Franco,
o acordo dependia exclusivamente da assinatura do presidente.
A transferência significará, para
Christine Lamont e David Spencer, substituir a pena de 19 anos e
nove meses de prisão que ainda teriam de cumprir no Brasil pela liberdade condicional.
Como estrangeiros, eles não podem se beneficiar da liberdade
condicional nem do cumprimento
da pena em regime aberto ou semi-aberto no Brasil.
No Canadá, eles poderão obter
tais benefícios. Segundo nota
transmitida pela Embaixada do
Canadá em Brasília, bastará ao casal solicitar a liberdade condicional a um conselho subordinado ao
Ministério da Justiça canadense.
O acordo com o Canadá poderá
beneficiar outros dez canadenses
que cumprem pena no Brasil, segundo o Ministério da Justiça.
Os demais sete sequestradores
chilenos e argentinos de Abílio Diniz terão de esperar a negociação
de acordos semelhantes de transferência para seus países.
Em carta aberta distribuída ontem na Câmara, o deputado Jair
Bolsonaro (PPB-RJ) criticou o secretário nacional dos Direitos Humanos, José Gregori, e o tratado.
Gregori não foi encontrado ontem
em Brasília. Segundo sua assessoria, ele estaria em São Paulo.
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