São Paulo, terça-feira, 15 de maio de 2001

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VIOLÊNCIA

Dois estão com 90% do corpo atingido pelo fogo

Meninos de rua de Goiânia são queimados enquanto dormiam

DA AGÊNCIA FOLHA

Cinco garotos de rua -dois deles menores- foram queimados por desconhecidos às 3h30 de ontem em uma casa abandonada na periferia de Goiânia (GO). De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Militar, eles foram atacados por um grupo de jovens, que jogou óleo diesel nos colchões e ateou fogo, fugindo logo em seguida.
Os garotos eram assistidos pela Sociedade Cidadão 2000, um programa municipal que atende jovens em condição de risco social. Na coordenadoria da instituição, alguns deles disseram ter acordado já com o fogo pelo corpo e nos colchões.
"O fato de alguns deles estarem com as mãos sujas de cola também facilitou a disseminação do fogo, já que se trata de um solvente", disse o assessor da PM, major Carlos Antônio Elias.
As vítimas foram internadas no Hospital de Urgências e transferidas para o Hospital de Queimaduras ainda durante a madrugada. Duas delas -J.H.M.S. e Júnior Reis Lima- continuavam em estado grave, com 90% dos corpos queimados.
De acordo com a coordenadora-geral do Cidadão 2000, Rosa Helena Parreira, os jovens passaram por cirurgias na manhã de ontem. Segundo boletim médico, o estado deles era estável.
Cristiano Soares de Oliveira, Alexandre Soares de Oliveira e F.J.P. foram liberados após o atendimento e encaminhados a abrigos municipais até que as famílias deles fossem localizadas.
Para o presidente da sociedade, Joseleno Vieira dos Santos, a causa do incidente foi um desentendimento entre grupos rivais. "Um dos garotos estava sendo vítima de ameaças, mas eles têm medo de denunciar."
"Esses jovens que vivem nas ruas ficam em mocós, que são casas ou lojas abandonadas, onde não estão sujeitos a regras de instituições, podendo cheirar cola, se prostituir e até guardar objetos roubados. O problema é que esses locais são delimitados por territórios dominados por determinados grupos. As brigas acabam acontecendo, especialmente quando têm adultos envolvidos", disse o presidente da sociedade.
Segundo ele, o programa deverá intensificar o atendimento aos garotos de rua, por meio de medidas socioeducativas. "O governo e as entidades só podem atuar desde que os jovens procurem ajuda ou cometam atos infracionais." (ADRIANA CHAVES)


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