São Paulo, terça-feira, 15 de maio de 2001

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CAMPO GRANDE

Material era de hospitais, diz bioquímico

Polícia não sabe o que fazer com empresário que fez desova de fetos


CELSO BEJARANO JR.
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul ainda não sabe se vai indiciar os donos de um laboratório bioquímico desativado de Campo Grande que jogaram cerca de 30 fetos e pedaços de corpos humanos em um aterro sanitário.
No sábado à tarde, catadores acharam no lixão municipal um latão azul com fetos, pedaços de vísceras, joelho, pés e cérebros.
A delegada Vilma de Fátima de Camargo informou que a polícia vai recorrer a estudo jurídico para ver se pune ou não um bioquímico e um médico patologista que se apresentaram como os donos do material encontrado no lixão.
"Queremos saber a procedência desses fetos e se era legal a permanência deles em um laboratório particular", disse a policial.
De acordo com a delegada, os fetos saíram do prédio do laboratório que funcionava no centro da cidade e estava desativado em 94.
O bioquímico Tatsuya Sakuma, ex-dono do estabelecimento e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, disse à polícia que o material teria sido jogado no lixo "por descuido".
Explicou que, no sábado, uma equipe fazia uma faxina no prédio onde funcionava o laboratório e o material foi levado até o aterro sanitário sem que ele percebesse.
Sakuma disse ainda que o seu ex-sócio, o patologista Luís Carlos Takita, era quem usava o material para "pesquisas didáticas".
Segundo ele, os fetos eram de "hospitais da cidade". Pelo depoimento, os fetos eram resultados de abortos espontâneos.
O material foi entregue ao IML (Instituto Médico Legal), que vai pesquisá-lo. Ainda não há data definida para a divulgação dos exames. Essas informações serão entregues à polícia. Os ex-donos do laboratório disseram que as pesquisas eram realizadas em fetos de até um quilo.
O coordenador estadual de Vigilância Sanitária, Romeu Gama do Carmo, disse que os fetos poderiam permanecer no laboratório, desde que houvesse uma "justificativa científica", ou seja: sendo usado para algum estudo.
No entanto, Carmo, que classificou o episódio como "irresponsabilidade", não soube informar se tal autorização havia sido pedida.
"Estamos rastreando todas as ações dos laboratórios. Até amanhã (hoje) teremos uma posição oficial sobre o caso", disse.


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