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CAMPO GRANDE
Material era de hospitais, diz bioquímico
Polícia não sabe o que fazer com empresário que fez desova de fetos
CELSO BEJARANO JR.
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
A Polícia Civil de Mato Grosso
do Sul ainda não sabe se vai indiciar os donos de um laboratório
bioquímico desativado de Campo
Grande que jogaram cerca de 30
fetos e pedaços de corpos humanos em um aterro sanitário.
No sábado à tarde, catadores
acharam no lixão municipal um
latão azul com fetos, pedaços de
vísceras, joelho, pés e cérebros.
A delegada Vilma de Fátima de
Camargo informou que a polícia
vai recorrer a estudo jurídico para
ver se pune ou não um bioquímico e um médico patologista que se
apresentaram como os donos do
material encontrado no lixão.
"Queremos saber a procedência
desses fetos e se era legal a permanência deles em um laboratório
particular", disse a policial.
De acordo com a delegada, os
fetos saíram do prédio do laboratório que funcionava no centro da
cidade e estava desativado em 94.
O bioquímico Tatsuya Sakuma,
ex-dono do estabelecimento e
professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, disse à
polícia que o material teria sido
jogado no lixo "por descuido".
Explicou que, no sábado, uma
equipe fazia uma faxina no prédio
onde funcionava o laboratório e o
material foi levado até o aterro sanitário sem que ele percebesse.
Sakuma disse ainda que o seu
ex-sócio, o patologista Luís Carlos
Takita, era quem usava o material
para "pesquisas didáticas".
Segundo ele, os fetos eram de
"hospitais da cidade". Pelo depoimento, os fetos eram resultados
de abortos espontâneos.
O material foi entregue ao IML
(Instituto Médico Legal), que vai
pesquisá-lo. Ainda não há data
definida para a divulgação dos
exames. Essas informações serão
entregues à polícia. Os ex-donos
do laboratório disseram que as
pesquisas eram realizadas em fetos de até um quilo.
O coordenador estadual de Vigilância Sanitária, Romeu Gama
do Carmo, disse que os fetos poderiam permanecer no laboratório, desde que houvesse uma "justificativa científica", ou seja: sendo usado para algum estudo.
No entanto, Carmo, que classificou o episódio como "irresponsabilidade", não soube informar se
tal autorização havia sido pedida.
"Estamos rastreando todas as
ações dos laboratórios. Até amanhã (hoje) teremos uma posição
oficial sobre o caso", disse.
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