São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002

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Preservação da Amazônia foi a principal bandeira

DA REPORTAGEM LOCAL

A formação de uma consciência ecológica no Brasil deve ser, em boa medida, creditada ao ambientalista José Lutzenberger. Gaúcho de Porto Alegre, onde nasceu em 17 de dezembro de 1926, filho de imigrantes alemães, Lutzenberger, quase 30 anos atrás, introduziu na sociedade brasileira muitas das questões que hoje são temas familiares, como combate à poluição, preservação de espécies vegetais e animais e efeito estufa.
Quando questionado sobre o que o teria levado a se dedicar à militância ambiental, Lutzenberger costumava lembrar o seguinte episódio: "Certa vez acompanhei um francês que cobria mais de cem hectares de macieiras com veneno. Perguntei se ele não tinha medo. Com naturalidade, o francês respondeu que não sentia medo, pois não era ele quem comia as maçãs. Para mim, que vendia o veneno, foi um choque tão grande que me demiti [da multinacional Basf" e voltei para o Brasil".
Foram suas manifestações sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos que lhe renderam projeção nacional e alimentaram fama de encrenqueiro. Lutzenberger inspirou a primeira legislação do país sobre o uso de defensivos.
Desmistificou a expressão politicamente correta "defensivo agrícola", consagrando o termo agrotóxico. Comandou pessoalmente a apreensão de produtos perigosos, comprou brigas com agrônomos e fabricantes de agrotóxicos e adubos.
Desde o final dos anos 1970, Lutzenberger defendeu com veemência a preservação da Amazônia. Suas manifestações foram, no entanto, polêmicas. Chegou a pressionar o Banco Mundial para que suspendesse empréstimos ao Brasil para a construção da BR-364, na Amazônia, enquanto não fossem realizados estudos de impacto ambiental da obra.



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