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São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2003

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Garotinho adere a sistema federal, mas não abre mão de comando

Marco Antonio Rezende/Folha Imagem
O ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) entre Anthony Garotinho e a governadora Rosinha


SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

O gabinete de gestão integrada, criado ontem a partir da assinatura do documento que incluiu o Estado do Rio no Sistema Único de Segurança Pública, já começa a gerar polêmica em torno do comando do órgão.
Enquanto o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, falam em "consenso" na chefia, o secretário estadual de Segurança, Anthony Garotinho, disse que comandará o gabinete.
"No Rio, quem coordenará o gabinete sou eu. É assim que funciona nos outros Estados, quem coordena é o secretário de Segurança", disse Garotinho.
Apesar da declaração de Garotinho, os representantes do governo federal fizeram questão de dizer que não haverá comando. "Nós suprimimos a questão "quem manda" e a substituímos por "o que fazer". Ninguém manda, trabalhamos por consenso. A coordenação local é da secretaria, mas as decisões são por consenso", disse Soares.
"Não há comando nem hierarquia. Não há nenhum tipo de rivalidade, só consenso", completou Thomaz Bastos.
O objetivo do gabinete é reunir as polícias estaduais e federal, as forças municipais, o Ministério Público e a Justiça. O molde é o mesmo das antigas forças tarefa, também criadas para combater o crime organizado no Estado.
De acordo com Soares, o gabinete não será um fórum de discussão, mas um órgão "deliberativo, prático e operacional". Nele, serão definidos os assuntos prioritários que deverão ser abordados por todas as esferas do governo. No Rio, são eles: crime organizado, lavagem de dinheiro, tráfico de armas e de drogas.

Sem data
O ministro disse ainda que o gabinete já funciona informalmente, mas não soube precisar quando ele começará a operar de maneira formal.
O Rio é o quarto Estado a aderir ao Sistema Único de Segurança. Os outros são Minas Gerais, Espírito Santo e Rio Grande do Sul.
Informação, formação e reorganização das estruturas institucionais, criação de mecanismos de gestão adequada das polícias, perícia, qualificação de policiais, trabalho preventivo e controle externo formam o repertório do Sistema Nacional, de acordo com Luiz Eduardo Soares.
O encontro entre Garotinho, Thomaz Bastos, Soares e a governadora Rosinha Matheus (PSB) foi, mais uma vez, cordial, com troca de elogios, principalmente entre os secretários nacional e estadual, antigos inimigos. O ministro chegou a se referir a Garotinho como "meu caro governador".
Ambos voltaram a dizer que a inimizade está superada. "Já trabalhamos juntos, você me conhece, sabe que sou muito franco", disse o marido de Rosinha. "O que nos aproxima é muito superior a qualquer resquício do passado. Nós compartilhamos os mesmos princípios e valores", respondeu Soares.
Na reunião, o ministro afirmou que poderá liberar ainda mais verbas para o Rio, além dos R$ 40 milhões já aprovados, por entender que a "situação da violência no Estado é bastante crítica". Parte do dinheiro deve ser usada para reformar a PF, instituição que Thomaz Bastos disse pretender transformar numa espécie de FBI, a polícia federal norte-americana


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