|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ENSINO SUPERIOR
Problema foi detectado quando estudantes tentaram regularizar diplomas de cursos não reconhecidos pelo MEC
Governo investiga pós-graduação irregular
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Capes (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior) está investigando
a oferta de cursos irregulares de
mestrado e doutorado por instituições brasileiras em associação
com entidades estrangeiras.
Estão sob análise pelo menos
147 instituições que se associam,
principalmente, a escolas de Cuba, Espanha, Portugal, Estados
Unidos e Argentina para oferecer
cursos virtuais ou irregulares.
Normalmente são cursos "fantasmas" ou não reconhecidos pelo Ministério da Educação, deixando sem valor legal o diploma.
Se ficar comprovado que a entidade oferece pós-graduação irregular, seu nome será divulgado
pela Capes a partir de julho. Após
o anúncio, cabe aos alunos prejudicados denunciar o caso ao Ministério Público.
"Não dá para falar antes das
apurações, até porque atrapalharia muito. Estamos analisando cada caso. Quando acontecer, quando a gente comprovar que de fato
há tudo isso, nós vamos tomar as
medidas necessárias. Estamos
apurando permanentemente",
disse o ministro da Educação,
Cristovam Buarque.
Estão incluídas no levantamento apenas as instituições denunciadas em 2001, após decisão do
CNE (Conselho Nacional de Educação) de aceitar pedidos de regularização de diplomas.
A decisão do conselho foi motivada por uma série de denúncias
feitas à época. O prazo para que os
alunos pedissem o reconhecimento do diploma terminou em
julho daquele ano.
Os cursos que surgiram depois
desta data não estão incluídos na
pesquisa. A partir do levantamento será possível saber quantas são
as instituições e se fazem parte da
rede pública ou privada.
Segundo o presidente da Capes,
Carlos Roberto Jamil Cury, cerca
de 9.000 estudantes reivindicaram a regularização. "O problema
é a propaganda enganosa. As instituições podem oferecer cursos
de especialização, como MBA,
mas eles são livres. Não têm valor
oficial, só de mercado."
Segundo ele, dos 9.000 alunos,
1.000 entregaram toda a documentação, incluindo tese ou dissertação. Cury disse que o processo é encaminhado a uma universidade brasileira reconhecida e
com curso semelhante ao do aluno para avaliação e possível validação. Ele afirmou que, de 852
processos em análise, menos de
cinco foram validados.
A Capes mantém em sua página
na internet (www.capes.gov.br) a
lista de cursos reconhecidos.
Para discutir as políticas, diretrizes e normas do setor, a Capes
promoveu ontem, em Brasília, o
workshop Criação de Cursos Novos de Mestrado e Doutorado.
Existem no Brasil cerca de 2.600
cursos desse tipo, 88% na rede pública e 70% de mestrado.
A procura pela pós-graduação
tem aumentado porque a LDB
(Lei de Diretrizes e Bases) estabelece prazo até 2004 para que as
instituições superiores tenham,
no mínimo, um terço do seu corpo docente com título de mestres
e doutores. Caso não cumpram a
determinação, perdem o status de
universidade.
(LUCIANA CONSTANTINO)
Texto Anterior: Bahia: Comissão chega a Porto Seguro para apurar denúncias Próximo Texto: Para ministro, educação é "sofisticação da perversidade" Índice
|