São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2008

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Mulher é presa suspeita de torturar adolescente em MS

Garota paraguaia tinha hematomas, cortes no corpo e marca de soco no olho

Segundo o Conselho Tutelar, ela trabalhava como empregada doméstica e babá na casa e era torturada pela patroa

PABLO SOLANO
DA AGÊNCIA FOLHA

Uma adolescente paraguaia de 12 anos foi encontrada nesta semana pelo Conselho Tutelar de Ponta Porã (347 km de Campo Grande) escondida na cozinha de uma casa da cidade com hematomas pelo corpo, marca de soco no olho esquerdo e cortes nos braços, costas e cabeça.
Para a conselheira tutelar Lucinéia Aguilera e o delegado da Polícia Civil Mário Queiroz, ela era torturada de forma sistemática.
A acusada das agressões é Kathia Elizabeth Cristaldo, 23, uma paraguaia desempregada que a mantinha como empregada doméstica e babá de seus três filhos.
A mulher foi presa em flagrante anteontem, quando a adolescente foi encontrada por conselheiras tutelares com as marcas que seriam de tortura.
Queiroz afirma que Cristaldo e a adolescente possuem um parentesco distante, que ainda está sendo apurado. Segundo ele, Cristaldo está presa em uma unidade da Polícia Civil em Ponta Porã.
Ela chegou a ser levada ao presídio feminino da cidade, mas sofreu ameaças de detentas e foi transferida.
Como Cristaldo não havia constituído advogado até ontem, o registro do flagrante foi enviado para a Defensoria Pública do Estado. O delegado disse que ela será indiciada por suspeita de tortura e talvez sob acusação de cárcere privado.
O Conselho Tutelar e a Polícia Civil de Ponta Porã ainda não contataram autoridades paraguaias para tentar localizar a família da jovem que foi alvo de torturas.
De acordo com o delegado, a adolescente veio da cidade de Concepción, distante 167 km de Ponta Porã.

Caso conhecido
O caso da adolescente já era conhecido há um mês pelos conselheiros tutelares de Ponta Porã, disse Aguilera. Em 9 de abril, de acordo com ela, representantes do órgão foram até a casa de Cristaldo para checar denúncia de trabalho infantil. Encontraram a jovem com o rosto machucado.
Cristaldo e o marido, de acordo com a conselheira tutelar Aguilera, afirmaram que ela se machucara ao cair de uma árvore. Ambos foram instados por ela a comparecer ao Conselho Tutelar no dia seguinte para comprovar que haviam procurado cuidados médicos para tratar a garota.
Como eles não aparecerem, disse a conselheira tutelar, o órgão foi até a casa do casal para cobrar providências. Foi quando, segundo Aguilera, ambos afirmaram que a garota havia sido devolvida para a família no Paraguai.
O flagrante que possibilitou a prisão foi motivada por uma denúncia de agressão contra a garota. Ao visitar a casa de Cristaldo mais uma vez, a equipe do conselho ouviu mais uma vez da mulher que ela não estava mais com a menina.
Dessa vez, contudo, Aguilera e a colega que o acompanhava decidiram entrar na casa e encontraram a garota.

Mais agressões
A menina foi ouvida pelo Conselho Tutelar nesta semana. Disse que as agressões que sofria se intensificaram nas duas últimas semanas, quando Cristaldo foi deixada pelo marido, ou seja, após a primeira denúncia recebida pelo conselho.


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