São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2008

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Suspeito de extorsão ao PCC tem conta bloqueada

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça determinou o bloqueio de uma conta bancária do policial civil Augusto Peña, preso em 30 de abril e indiciado pela Corregedoria da Polícia Civil sob a acusação de extorsão mediante seqüestro.
Ele é acusado de ter seqüestrado, em março de 2005, Rodrigo Olivatto de Morais, 28, enteado de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado pela polícia paulista como chefe da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e de ter exigido R$ 300 mil para não prendê-lo.
O bloqueio da conta bancária ocorreu depois que foi detectada uma movimentação de cerca R$ 135 mil para o advogado Marco Antonio Garcia Ozzioli -ex-policial civil que, atualmente, visita Peña no Presídio Especial da Polícia Civil, no Carandiru (zona norte de SP). Ozzioli tentou o desbloqueio da conta, mas não conseguiu.
Ozzioli afirmou à Folha que é advogado de Peña, mas se recusou a responder em qual área ele atua para o policial.
De acordo com Fábio Tofic Simantob, que defende Peña na área criminal, Ozzioli não atua nesse setor para o policial. "Eu orientei meu cliente para que essa conta não fosse movimentada, mas também não posso impedi-lo de fazer o que ele acha certo. O meu cliente me disse que esse valor [os cerca de R$ 135 mil] é proveniente da venda de um apartamento."
Ao lado do também policial civil José Roberto de Araújo, Peña responde ainda pelo crime de corrupção. Segundo a Promotoria, os dois policiais venderam, por R$ 40 mil, a fuga de um traficante -que não ocorreu e resultou num ataque do PCC à delegacia de Suzano, em abril de 2006, e causou a morte de sete pessoas.
Simantob e Milton Fernando Talzi, advogado de Araújo, têm afirmado que seus clientes negam todos os crimes.

CPI
Os promotores José Mário Buck Marzagão Barbuto, Marcelo Alexandre de Oliveira e Silvio Loubeh, de Guarulhos, foram ouvidos ontem pela CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas e confirmaram aos deputados federais que Peña e Araújo usavam grampos telefônicos para extorquir dinheiro de criminosos.
Segundo os promotores, quando os policiais tinham de prestar esclarecimentos à Promotoria e à Justiça sobre como usavam os grampos telefônicos nas suas investigações, Peña e Araújo editavam as gravações -suprimindo os trechos mais importantes para usá-los na possível prática de crimes.
A CPI também aprovou ontem a convocação para depoimento da ex-mulher de Peña, Regina Célia Lemes de Carvalho. Foi ela quem entregou aos promotores os cerca de 200 CDs que o policial mantinha em sua casa, fora das investigações oficiais. (AC)


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