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Suspeito de extorsão ao PCC tem conta bloqueada
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça determinou o bloqueio de uma conta bancária do
policial civil Augusto Peña, preso em 30 de abril e indiciado
pela Corregedoria da Polícia
Civil sob a acusação de extorsão
mediante seqüestro.
Ele é acusado de ter seqüestrado, em março de 2005, Rodrigo Olivatto de Morais, 28,
enteado de Marco Willians
Herbas Camacho, o Marcola,
apontado pela polícia paulista
como chefe da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da
Capital) e de ter exigido R$ 300
mil para não prendê-lo.
O bloqueio da conta bancária
ocorreu depois que foi detectada uma movimentação de cerca
R$ 135 mil para o advogado
Marco Antonio Garcia Ozzioli
-ex-policial civil que, atualmente, visita Peña no Presídio
Especial da Polícia Civil, no Carandiru (zona norte de SP). Ozzioli tentou o desbloqueio da
conta, mas não conseguiu.
Ozzioli afirmou à Folha que
é advogado de Peña, mas se recusou a responder em qual
área ele atua para o policial.
De acordo com Fábio Tofic
Simantob, que defende Peña
na área criminal, Ozzioli não
atua nesse setor para o policial.
"Eu orientei meu cliente para
que essa conta não fosse movimentada, mas também não
posso impedi-lo de fazer o que
ele acha certo. O meu cliente
me disse que esse valor [os cerca de R$ 135 mil] é proveniente
da venda de um apartamento."
Ao lado do também policial
civil José Roberto de Araújo,
Peña responde ainda pelo crime de corrupção. Segundo a
Promotoria, os dois policiais
venderam, por R$ 40 mil, a fuga de um traficante -que não
ocorreu e resultou num ataque
do PCC à delegacia de Suzano,
em abril de 2006, e causou a
morte de sete pessoas.
Simantob e Milton Fernando
Talzi, advogado de Araújo, têm
afirmado que seus clientes negam todos os crimes.
CPI
Os promotores José Mário
Buck Marzagão Barbuto, Marcelo Alexandre de Oliveira e Silvio Loubeh, de Guarulhos, foram ouvidos ontem pela CPI
das Escutas Telefônicas Clandestinas e confirmaram aos deputados federais que Peña e
Araújo usavam grampos telefônicos para extorquir dinheiro
de criminosos.
Segundo os promotores,
quando os policiais tinham de
prestar esclarecimentos à Promotoria e à Justiça sobre como
usavam os grampos telefônicos
nas suas investigações, Peña e
Araújo editavam as gravações
-suprimindo os trechos mais
importantes para usá-los na
possível prática de crimes.
A CPI também aprovou ontem a convocação para depoimento da ex-mulher de Peña,
Regina Célia Lemes de Carvalho. Foi ela quem entregou aos
promotores os cerca de 200
CDs que o policial mantinha
em sua casa, fora das investigações oficiais.
(AC)
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