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Córnea é tirada sem autorização no Tatuapé
Funcionária da unidade do Banco de Olhos Sorocaba que fica no hospital do Tatuapé (zona leste) foi detida em flagrante
Filha disse que a remoção ocorreu enquanto ela acertava o enterro da mãe, de 71 anos, morta na madrugada de ontem
JOÃO PEQUENO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A córnea de uma mulher
morta na madrugada de ontem
foi retirada, sem autorização da
família, pela unidade do BOS
(Banco de Olhos Sorocaba) que
funciona dentro do hospital
municipal do Tatuapé (zona
leste).
Os parentes também reclamam da demora no diagnóstico
da doença de Adelina Ribeiro
dos Santos, 71, e na comunicação de sua morte -eles afirmam ter sido informados somente pela manhã da morte de
Adelina, ocorrida à 0h20, por
infecção generalizada em função de trombose intestinal.
A retirada da córnea aconteceu enquanto a família estava
na funerária. Roseli Nunes da
Silva Santos, funcionária do
Banco de Olhos Sorocaba, foi
detida em flagrante e levada para o 52º Distrito Policial (Parque São Jorge), onde depôs e foi
liberada.
Ela responderá a inquérito
com base na lei federal 9.434,
de 1997, que prevê de dois a seis
anos de reclusão por retirada
de órgãos sem autorização.
A delegada Valderez Lopes
avaliou que os depoimentos, a
princípio, indicam que tenha
ocorrido um acidente, com troca de cadáveres.
Marly Ribeiro dos Santos, 46,
filha de Adelina, contou que
quase foi impedida de ver a mãe
quando voltou da funerária e
foi informada por funcionários
do hospital de que o corpo fora
levado para o banco de olhos.
"Ela [Roseli] me empurrou
para que eu não entrasse e disse
que a retirada havia sido autorizada "pela filha dela", como se
essa não fosse eu", reclamou
Marly.
A confusão, segundo outra
funcionária do BOS, Cláudia
Horikama, foi causada pelo fato
de uma paciente doadora e com
nome semelhante -Alaide Felicia- ter morrido em um horário próximo.
O corpo de Adelina teria sido
recolhido, por distração, no lugar do cadáver de Alaide.
Assim que entrou no banco
de olhos, Marly encontrou a
mãe já sem a córnea do olho direito e com o olho esquerdo
preparado para a remoção
-que acabou não acontecendo.
Alexandre Juan Lucas, 32,
neto de Adelina, afirma que o
chefe de plantão do banco de
olhos, Clayton Gonçalves, tentou convencê-los a aceitar a reconstituição do olho e não chamar a polícia.
Diagnóstico demorado
Segundo Marly, o drama começou na terça-feira passada,
quando a mãe passou a sofrer
fortes dores no abdome, que
pioraram no domingo.
"Ela precisou ser internada e
só havia residentes [médicos
recém-formados, que não podem atender sem a supervisão
de profissionais mais experientes]", contou ela.
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