São Paulo, domingo, 15 de maio de 2011

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Falta de sinal inibe "bons modos" no trânsito da Sé

CET implantou zona de proteção a pedestre

REYNALDO TUROLLO JR.
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Num lugar normalmente cheio como a praça da Sé, no centro de São Paulo, difundir boas maneiras entre motoristas e pedestres pode virar um exercício de paciência.
A prefeitura lançou na quarta-feira a primeira zona de proteção ao pedestre no centro da cidade.
Na tarde de sexta-feira, a Folha fez o teste e constatou: se a regra for cumprida à risca, o fluxo dos automóveis estanca nas vias locais.
Na Sé, basta que um ônibus biarticulado vire da rua Benjamin Constant e pare na faixa de pedestres, no meio do quarteirão, para causar tumulto. Não há semáforo.
O ônibus tem 27 metros de comprimento, e a faixa fica a cerca de 30 metros após o cruzamento. Assim, se já houver carros parados antes dela, o condutor tem de embicar o coletivo e deixar a traseira sobre a faixa.
Resultado: duas vias bloqueadas e pedestres desviando do ônibus e xingando.

TESTE
De carro, a reportagem parou antes da faixa da rua Senador Feijó. Os veículos que vinham pela direita não pararam. O que vinha atrás desviou e fez a ultrapassagem.
Durante duas horas, nenhuma moto parou onde não havia agentes da CET.
Na mais movimentada faixa de pedestres da Sé, no cruzamento com a rua Direita, "marronzinhos" precisaram intervir a tarde toda. Às 15h, um fluxo intenso de pessoas escoou por mais de 40 segundos ininterruptamente.
Enquanto o agente tentava retomar o controle dos pedestres, a extensa fila de carros que se formou cobriu uma outra faixa, 30 m atrás.
"Se você fizer o que é certo, você fica parado o dia inteiro", reclamou o taxista Neuzo José dos Santos, 56. "Nunca vi o fluxo tão lento", disse.
Segundo a CET, não há semáforos no local porque a praça é tombada e só comporta fiação enterrada.
A pé, a Folha constatou que os pedestres se valem da força de grupo para disputar espaço. Sozinho, ninguém se arrisca -mesmo na faixa. Uma mulher decidiu tentar. Fez sinal para os carros e disparou rua adentro. Teve de sair correndo, embora estivesse certa.
"Está com pressa?", perguntou a reportagem. "Estou com medo", disse a advogada Solange Gonçalves, 38. "De que adianta um carro parar e os outros não?"
Em 2010, foram 96 mortes por atropelamento somente na região da Sé.


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