São Paulo, sábado, 15 de junho de 2002

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Empresa gastará R$ 25 mi em Paulínia

Ricardo Lima - 21.fev.2001/Folha Imagem
Técnico examina material em área contaminada pela Shell no bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia


DA REDAÇÃO, EM CAMPINAS

A Shell do Brasil S.A. vai gastar R$ 25 milhões com a compra de chácaras e com o plano de descontaminação das áreas próximas à sua antiga fábrica de pesticidas no bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia (126 km de SP).
A área foi contaminada por pesticidas produzidos pela fábrica que funcionou no local entre as décadas de 70 e 90.
O solo e o lençol freático foram contaminados pelos pesticidas organoclorados -os drins, como o dieldrin, detectado pela Vigilância Sanitária na Vila Carioca, em São Paulo. Exames laboratoriais patrocinados pela Prefeitura de Paulínia apontaram problemas de contaminação em parte dos cerca de 180 moradores do bairro.
Os problemas vão desde danos neurológicos até a presença de tumores. A empresa questiona os resultados. Mesmo assim, vai gastar cerca de R$ 20 milhões com a compra das chácaras do local, segundo o gerente de saúde e meio ambiente da multinacional, Alfredo Rodrigues dos Santos Filho.
Até agora, a Shell comprou 39 propriedades, de um total de 60 que a empresa pretende adquirir.
Santos Filho afirmou que R$ 3 milhões foram destinados para exames e custeio de tratamentos de saúde para 159 moradores do bairro. O restante dos recursos previstos (R$ 2 milhões) vai ser investido na recuperação ambiental da área. Serão derrubadas todas as edificações existentes nas chácaras e haverá plantio de mata.
De acordo com ele, em cinco anos, todos os resíduos químicos depositados no solo e lençol freático -principalmente pesticidas e metais pesados- vão estar removidos. Ainda segundo o gerente, em 20 anos, se não houvesse nenhuma intervenção, todo o material tóxico seria absorvido pela natureza.
O projeto da Shell para descontaminação da área foram apresentados à Cetesb em maio do ano passado. Para o conselheiro do Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente) Carlos Bocuhy, nada vai apagar a "omissão" da empresa.
A vice-presidente do setor de produtos químicos da Shell, Maria Lúcia Braz Pinheiro, afirmou que a empresa está aberta a sugestões sobre o que fazer com a área após o trabalho de descontaminação. De acordo com ela, depois de compradas as chácaras, a empresa vai ter de entrar com um pedido na prefeitura para solicitar a demolição das casas.



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