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RIO
É o segundo aumento desde que Benedita da Silva assumiu o governo do Estado; foram 75 em maio, contra 70 em abril
Crescem mortes em confronto com a polícia
SABRINA PETRY
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O número de pessoas mortas
em confronto com a polícia do
Rio aumentou pela segunda vez
desde que a governadora Benedita da Silva (PT) assumiu a administração estadual. Segundo as estatísticas de criminalidade divulgadas ontem, foram 75 mortes em
maio, contra 70 em abril.
O mês de abril, primeiro da gestão de Benedita, já havia registrado um crescimento de 11,11% em
relação a março, quando 63 pessoas morreram dessa forma, oficialmente chamadas de auto de
resistência. O recorde, entretanto,
ocorreu em janeiro deste ano,
quando houve 86 mortes.
O aumento desse tipo de ocorrência vem sendo registrado desde 2000, quando o total de casos
no ano chegou a 427, uma média
de 35 por mês. Em 2001, foram
592 mortes -49 por mês.
Problema estrutural
Na opinião do pesquisador Ignacio Cano, do Iser (Instituto de
Estudos da Religião), esse quadro
é resultado de um problema estrutural da polícia do Rio. "É um
problema que está embutido na
forma como os policiais trabalham. É preciso intensificar ações
de resultado imediato, como exigir relatórios de utilização de armas de fogo, e de longo prazo, como aprimorar o treinamento."
As estatísticas mostraram ainda
que os sequestros dobraram em
relação a abril. Em maio, quatro
pessoas foram vítimas de extorsão mediante sequestro, contra
duas em abril e uma em março.
De acordo com o chefe da Polícia
Civil, Zaqueu Teixeira, todos os
sequestros foram solucionados.
O número de homicídios se
manteve praticamente o mesmo
em relação ao mês anterior -foram 668 em abril e 667 no mês
passado. O total, entretanto, é
bastante superior ao registrado
em maio de 2001: 489.
Índices como roubos e furtos de
veículos, assaltos a pedestre e a
bancos, latrocínios e estupros tiveram pequenas reduções entre
os meses de abril e de maio.
Ocorrências que não eram divulgadas durante o governo anterior, de Anthony Garotinho
(PSB), e que passaram a ser publicadas pela nova equipe da Secretaria da Segurança tiveram aumento em maio, em relação a
abril. O número de cadáveres encontrados subiu de 87 para 116.
Foram localizadas cinco ossadas
em maio, três a mais que em abril.
No mês passado, três PMs morreram em serviço, contra apenas
um em abril. Só em maio, 419 pessoas foram consideradas desaparecidas -409 no mês anterior.
Troca de governo
Para Ignacio Cano, os dados
ainda precisam ser mais bem analisados para detectar alguma tendência clara. Ele afirma, no entanto, que "a impressão é que os índices estão mesmo altos em 2002
em comparação a 2001".
Segundo ele, uma das possíveis
explicações para isso é a instabilidade gerada pela troca de governo. "Quando há uma mudança de
governo, isso gera reacomodações locais entre os traficantes e
entre os bandidos e policiais corruptos. Isso gera uma instabilidade que resulta em violência."
Procurada pela Folha, a Secretaria de Segurança Pública não
havia se pronunciado sobre as estatísticas até as 19h.
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