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Grupo é voltado
para atender a
quem está são
DA REPORTAGEM LOCAL
"Curar não é suficiente, é
preciso cuidar das complicações do tratamento e da qualidade de vida do paciente curado." A frase, do oncologista-pediatra Luiz Fernando Lopes,
traduz bem a idéia do grupo
multidisciplinar que ele coordena no Hospital do Câncer, o
Gepetto, que visa estudar e tratar os efeitos tardios da terapia
oncológica em crianças.
Criado em 1999, o grupo
acompanha 650 pessoas, entre
crianças, adolescentes e adultos que tiveram câncer na infância. Atualmente, 70% a 80%
das crianças com diagnóstico
de câncer são curadas. Na década de 60, o índice de cura
chegava a, no máximo, 40%.
Integração
O desafio, afirma Lopes, é
que, uma vez curado, o paciente seja integrado à sociedade.
Seqüelas psicológicas, como
diminuição no desempenho
escolar ou social, podem ser resultantes de déficits neuropsicológicos atribuídos a toxicidades da quimioterapia ou do isolamento que o paciente sofreu
em decorrência da doença.
Segundo o oncopediatra, estudos apontam que crianças
tratadas por leucemia que receberam radioterapia em doses
maiores que as utilizadas hoje
apresentam menor desempenho escolar, piora na concentração, entre outros. Sem contar o alto índice de esterilidade.
"As mães chegavam preocupadas com a rebeldia ou a apatia do filho adolescente. A gente
não sabia se era efeito do tratamento ou falta de rédeas", conta o coordenador do Gepetto.
Exigência
Também é preciso acompanhar a possível recidiva da
doença. De acordo com Lopes,
de 2% a 3% dos pacientes são
acometidos por outros tipos de
câncer. O critério para receber
o atendimento do Gepetto é estar curado do câncer há pelo
menos oito anos.
"Parecemos uma galinha
choca", resume Lopes, referindo-se ao vínculo criado entre
médicos e pacientes.
O dentista Marcos dos Santos
Oliveira, 29, assina em baixo:
"Quando sinto qualquer dor,
recorro a eles".
Em razão da quimioterapia
feita há dez anos, ele tem deficiência auditiva, alterações renais e cardíacas, além de ser estéril. Mas nem por isso deixa de
ser otimista. "Sou muito mais
feliz do que antes da doença.
Tenho mais fé e me importo
mais com as pessoas", afirma
Oliveira, que está com tudo
preparado para se casar no
próximo mês.
(CC)
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