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Planos para embelezar SP ficam apenas na intenção
Projetos anunciados pela prefeitura atrasaram ou nem sequer foram iniciados
Entre as propostas ainda não concretizadas estão a ampliação das calçadas do Bom Retiro e a criação de um bulevar na av. Pompéia
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Transformar a congestionada avenida Pompéia em um bulevar arborizado; esconder os
fios elétricos, ampliar as calçadas e organizar os ambulantes
nas ruas do Bom Retiro e transformar o largo do Arouche em
uma praça segura, com atividades culturais e de informática,
foram alguns projetos anunciados pela Prefeitura de São Paulo nos últimos quatro anos que
não saíram do papel.
A cada ano, dezenas de propostas de revitalizações de
ruas, praças ou bairros são divulgados pelo poder público e
animam as comunidades locais. Muitos projetos, no entanto, são deixados de lado. Outros, mesmo que mais simples,
atrasam meses.
É o caso da troca de calçamento da rua Augusta, no centro. Anunciada pela prefeitura
em agosto do ano passado, a reforma deveria começar em outubro. Foi adiada para janeiro,
mas até agora não foi realizada.
A nova previsão é de que tenha
início entre fim de julho e começo de agosto. Como deve durar três meses, se tudo der certo, as novas calçadas estarão
prontas em outubro.
"A obra atrasou porque a prefeitura queria colocar um piso
de qualidade inferior", conta a
presidente da Associação de
Moradores e Empreendedores
de Cerqueira César, Célia Marcondes. Os lojistas reagiram e
mudaram o tipo de piso.
Perto da Augusta, a revitalização da Oscar Freire, anunciada pelo ex-prefeito José Serra
(PSDB) em setembro de 2005,
deveria estar concluída em
abril, segundo o site da prefeitura. Mas as obras atrasaram e
a nova previsão é setembro.
A via, reduto da moda chique
da cidade, passará por obras de
alargamento das calçadas, recapeamento asfáltico e aterramento da rede elétrica. O último item é o que tem dado trabalho. "O projeto atrasou porque houve demora na importação de algumas peças da Eletropaulo e também porque ocorreu um período de adaptação
com a nova prefeitura", explica
Rosângela Lyra, presidente da
Associação dos Lojistas da Oscar Freire, referindo-se à troca
de prefeitos, quando Gilberto
Kassab (PFL) assumiu.
Outro reduto da moda paulistana, mas para bolsos mais
modestos, o Bom Retiro deveria ter passado por reforma semelhante à da Oscar Freire. Em
março de 2004, a prefeitura
anunciou a reurbanização da
área comercial que incluía o
alargamento das calçadas, a fiação subterrânea, a organização
dos ambulantes e até a instalação de bancos para descanso.
Nada foi feito e ruas como a
José Paulino e a dos Aimorés
continuam com o passeio estreito e cheio de buracos, além
dos camelôs. "Andar por aqui é
perigoso. Ou você tromba em
uma barraca ou cai em buracos
da calçada", reclama a professora Marlene Santos, 39.
Na zona oeste, outra proposta divulgada com estardalhaço
não só foi esquecida como o que
tem se visto na área é o seu inverso. Batizado de "Bairro Novo", o projeto lançado em julho
de 2004 previa a revitalização
da região da Barra Funda, englobando ainda Perdizes e
Pompéia. A proposta era transformar a avenida Pompéia em
um bulevar e barrar prédios
com mais de seis andares.
Quem passa pelo local vê
condomínios com mais de 15
andares sendo lançados e até
um megashopping que terá
mais de 3.000 vagas.
"A prefeitura fez um projeto
sem conversar com a comunidade. Ele não condizia com a
realidade e por isso não saiu do
papel", afirma a diretora do
Conselho das Associações de
Bairro da Zona Oeste, Maria
Antonieta Lima e Silva. "Falta
dinheiro e vontade para executar essas propostas."
No largo do Arouche, a comunidade diz também não ter
sido ouvida quando a prefeitura anunciou a construção de
um telecentro, em 2002. O projeto, que previa reforma completa da praça, não se concretizou e apenas os pisos da praça
foram trocados. "A gente fica
sabendo pelos jornais e, quando muda a gestão, eles simplesmente são deixados de lado",
diz o superintendente-geral da
Associação Viva o Centro, Marco Antônio Ramos de Almeida.
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