São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 2006

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Planos para embelezar SP ficam apenas na intenção

Projetos anunciados pela prefeitura atrasaram ou nem sequer foram iniciados

Entre as propostas ainda não concretizadas estão a ampliação das calçadas do Bom Retiro e a criação de um bulevar na av. Pompéia


DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Transformar a congestionada avenida Pompéia em um bulevar arborizado; esconder os fios elétricos, ampliar as calçadas e organizar os ambulantes nas ruas do Bom Retiro e transformar o largo do Arouche em uma praça segura, com atividades culturais e de informática, foram alguns projetos anunciados pela Prefeitura de São Paulo nos últimos quatro anos que não saíram do papel.
A cada ano, dezenas de propostas de revitalizações de ruas, praças ou bairros são divulgados pelo poder público e animam as comunidades locais. Muitos projetos, no entanto, são deixados de lado. Outros, mesmo que mais simples, atrasam meses.
É o caso da troca de calçamento da rua Augusta, no centro. Anunciada pela prefeitura em agosto do ano passado, a reforma deveria começar em outubro. Foi adiada para janeiro, mas até agora não foi realizada. A nova previsão é de que tenha início entre fim de julho e começo de agosto. Como deve durar três meses, se tudo der certo, as novas calçadas estarão prontas em outubro.
"A obra atrasou porque a prefeitura queria colocar um piso de qualidade inferior", conta a presidente da Associação de Moradores e Empreendedores de Cerqueira César, Célia Marcondes. Os lojistas reagiram e mudaram o tipo de piso.
Perto da Augusta, a revitalização da Oscar Freire, anunciada pelo ex-prefeito José Serra (PSDB) em setembro de 2005, deveria estar concluída em abril, segundo o site da prefeitura. Mas as obras atrasaram e a nova previsão é setembro.
A via, reduto da moda chique da cidade, passará por obras de alargamento das calçadas, recapeamento asfáltico e aterramento da rede elétrica. O último item é o que tem dado trabalho. "O projeto atrasou porque houve demora na importação de algumas peças da Eletropaulo e também porque ocorreu um período de adaptação com a nova prefeitura", explica Rosângela Lyra, presidente da Associação dos Lojistas da Oscar Freire, referindo-se à troca de prefeitos, quando Gilberto Kassab (PFL) assumiu.
Outro reduto da moda paulistana, mas para bolsos mais modestos, o Bom Retiro deveria ter passado por reforma semelhante à da Oscar Freire. Em março de 2004, a prefeitura anunciou a reurbanização da área comercial que incluía o alargamento das calçadas, a fiação subterrânea, a organização dos ambulantes e até a instalação de bancos para descanso.
Nada foi feito e ruas como a José Paulino e a dos Aimorés continuam com o passeio estreito e cheio de buracos, além dos camelôs. "Andar por aqui é perigoso. Ou você tromba em uma barraca ou cai em buracos da calçada", reclama a professora Marlene Santos, 39.
Na zona oeste, outra proposta divulgada com estardalhaço não só foi esquecida como o que tem se visto na área é o seu inverso. Batizado de "Bairro Novo", o projeto lançado em julho de 2004 previa a revitalização da região da Barra Funda, englobando ainda Perdizes e Pompéia. A proposta era transformar a avenida Pompéia em um bulevar e barrar prédios com mais de seis andares.
Quem passa pelo local vê condomínios com mais de 15 andares sendo lançados e até um megashopping que terá mais de 3.000 vagas.
"A prefeitura fez um projeto sem conversar com a comunidade. Ele não condizia com a realidade e por isso não saiu do papel", afirma a diretora do Conselho das Associações de Bairro da Zona Oeste, Maria Antonieta Lima e Silva. "Falta dinheiro e vontade para executar essas propostas."
No largo do Arouche, a comunidade diz também não ter sido ouvida quando a prefeitura anunciou a construção de um telecentro, em 2002. O projeto, que previa reforma completa da praça, não se concretizou e apenas os pisos da praça foram trocados. "A gente fica sabendo pelos jornais e, quando muda a gestão, eles simplesmente são deixados de lado", diz o superintendente-geral da Associação Viva o Centro, Marco Antônio Ramos de Almeida.


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