São Paulo, domingo, 15 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Resistência à bicicleta influi, diz coordenadora

DA REPORTAGEM LOCAL

A coordenadora do Pró-ciclista, Laura Ceneviva, afirma que, mesmo com dificuldade para gastar a verba de R$ 11,8 milhões, prefere que o grupo continue ligado à pasta do Verde e Meio Ambiente. "Se não fosse aqui, onde seria? Talvez ainda nem tivesse sido criado."
Segundo Ceneviva, "há uma resistência estrondosa à bicicleta" como meio de transporte dentro de órgãos da própria gestão. O motivo dos embates, diz ela, é "um problema cultural": a opção por uma política de transportes que privilegia a fluidez para os automóveis.
Procurada para comentar o assunto, a assessoria do prefeito Gilberto Kassab (DEM) recomendou à reportagem que questionasse a própria pasta do Verde sobre a opção da gestão e as críticas de Ceneviva (o secretário Eduardo Jorge não foi localizado).
A Secretaria dos Transportes também foi procurada, mas informou que não comentaria o assunto.
Para ser gasto, o dinheiro do Pró-ciclista depende de parcerias com órgãos habilitados legalmente a intervir no sistema viário, a exemplo das pastas de Transportes, Infra-estrutura Urbana e Subprefeituras, além de autarquias municipais e estaduais. "A necessidade de sempre ter que buscar parcerias atrasa a implementação das ciclovias" afirma Ceneviva.

Avanços
Foi uma parceria com o Metrô, por exemplo, que possibilitou a construção de 12,2 km de ciclovia na Radial Leste. É o único entre dez projetos de ciclovias isoladas que deve ser concluído neste ano. Desses, apenas outros dois se encontram em fase de construção.
Entre as conquistas do grupo estão a ciclovia do Expresso Tiradentes (em construção), a criação de bicicletários em terminais de ônibus, em parceria com a SPTrans (São Paulo Transporte), e o vagão para ciclistas no Metrô nos fins de semana, fora do horário de pico.
A lei do sistema cicloviário não prevê sanções por seu descumprimento, o que explica, em parte, a pouca eficácia. Um exemplo é a inclusão obrigatória de ciclovias em novas obras viárias -como a continuação da avenida Jacú-Pêssego- que, mesmo prevista, não fez parte dos projetos. O vereador Chico Macena (PT), autor da lei, diz que o problema pode ser corrigido com a apresentação de um substitutivo à Câmara.
"Estamos debatendo muito com cicloativistas e com a comunidade. Nossa principal conquista foi "fazer acontecer" o assunto", observa Ceneviva.


Texto Anterior: Programa das ciclovias não sai do papel
Próximo Texto: Visita de príncipe muda regras de etiqueta
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.